terça-feira, 15 de novembro de 2022

As quintas e jardins do Porto e a água

 

3ª Parte - Os parques



 OS PARQUES DO PORTO


Nas últimas décadas algumas cidades cresceram desmesuradamente reduzindo a qualidade de vida do cidadão. No nosso país, as urbes próximas da costa atlântica atraíram as populações dos campos e do interior, transformando-se em monstros de betão armado com as suas ruas preenchidas por todos os tipos de veículos motorizados que lançam para a atmosfera os sues infames gases. Nos países mais desenvolvidos e mais cultos cedo se percebeu a necessidade de reservar espaços com o seu ambiente natural preservado, garantindo um refúgio natural para o “relaxamento físico e emocional, o convívio social” e a possibilidade de permitir a “aprendizagem de valores ecológicos, biológicos e paisagísticos, tão relevantes para a vida em meio urbano”.

A expansão da atividade industrial no Porto deu-se na segunda metade do século IXX, atraindo muita gente de outras terras. Entre 1864, ano em que se iniciaram os recenseamentos gerais da população, o número de habitantes da cidade, com a área administrativa atual, aumentou de 89.349 para 167.955 em 1900, crescendo até 303.424 em 1960. Como a construção de habitações dignas não acompanhou o crescimento populacional e como as condições de vida dos operários e suas famílias roçava a miséria, os impiedosos especuladores desenvolveram as “ilhas” que garantiam a criação de riqueza a partir da pobreza. Para além do trabalho, para uma boa parte da população pouco mais restava do que o sonho de uma vida melhor. Os movimentos sociais que surgiram ao longo do séc. XIX nos países então mais desenvolvidos apelavam à criação de meios que garantissem aos operários, camponeses e aos pobres em geral, melhores condições de vida, onde se incluíam, entre outras, a criação de áreas verdes. No Porto, as alamedas e jardins surgiram antes do século XX, mas destinavam-se sobretudo às classes mais abastadas. A vontade de construir Parques na cidade do Porto apenas surgiu na segunda década do século XX quando a CMP admitiu a construção de um parque urbano para o qual reservou uma área de terreno em Aldoar. Todavia, o primeiro parque a ser aberto ao público foi o de São Roque, em 1979. Felizmente, que a atitude dos tripeiros e o empenhamento dos órgãos autárquicos fez com que o número de parques tenha aumentado nos últimos quarenta anos para gáudio dos portuenses.

 


PARQUE URBANO DA CIDADE



A primeira planta de demarcação do Parque da Cidade foi apresentada, em 1928, à Câmara Municipal do Porto pelo vereador Dr. Sousa Rosa. Quatro anos mais tarde, Ezequiel de Campos mostrou no Plano da Cidade do Porto de 1932 a necessidade de dotar a cidade de um parque urbano para todos os habitantes da cidade. Em 1945, a Comissão de Estudo da Valorização Turística da Foz do Douro não acreditava que a construção do parque fosse possível, embora considerasse como essencial para o enriquecimento cultural das gentes do Porto. O Plano Diretor da Cidade de 1961 localizou o parque e para ele reservou a área de cerca de 80 hectares de terreno em Aldoar, ocupado por lameiros, campos de semeadura, um choupal, pinhal, uma lixeira e um núcleo rural em ruína. Paulo Valada, presidente da CMP considerou como prioridade da Câmara a concretização do Parque Urbano da Cidade, tendo sido nomeado, em 1985, o Vereador Carlos Brito como responsável pela condução política do processo do parque, criando para o efeito um Gabinete Técnico que foi instalado em 1988. No ano seguinte, durante o mandato como Presidente da Câmara de Fernando Gomes, foi a condução política do processo entregue ao Vereador Orlando Gaspar que indigitou, para a direção do Gabinete do Parque, Francisco Sendas, acontecendo a sua nomeação em 1990.

O Plano Diretor Municipal (1991) apostou fortemente na criação de grandes parques urbanos, tendo-se iniciado pelo Parque Urbano da Cidade (Ocidental) que começou por ocupar, numa primeira fase que terminou em 1993, a área de 45 hectares. Na segunda fase foram requalificados mais 45 hectares, perfazendo os noventa previstos. Na última requalificação o parque foi estendido até ao mar, conferindo-lhe a continuidade que a beleza do parque exigia. Mais conhecido como Parque da Cidade, ele é o maior "pulmão" verde do Porto e o maior parque urbano do país. Projetado pelo arquiteto Sidónio Pardal e inaugurado em 1993, o parque acompanha a parte final da Avenida da Boavista, lado norte, e estende-se até ao Atlântico, a sua frente marítima. Concluído em 2002, no Parque da Cidade encontra uma paisagem rural e campestre, com lagos e cerca de dez quilómetros de bons caminhos que apelam a longas caminhadas. Os bandos de aves deliciam as crianças e movimentam os fotógrafos amadores ansiosos por captar uma cena digna de registo. Os equipamentos desportivos completam um fabuloso espaço onde é fácil criar uma “mente sã em corpo são”. O Parque da Cidade é reconhecido pelo programa Green Flag Award como estando entre os melhores parques e espaços verdes do mundo.

Parte deste parque é ocupada pelo Pavilhão da Água que esteve presente na Expo’98 e depois oferecida pela então Unicer à CMP que o instalou no Parque da Cidade, junto à Estrada da Circunvalação, tendo sido aberto ao público em dezembro de 2002. O Pavilhão procura, através de lúdicas experiências revelar a importância que a água representa para a Humanidade e para a vida de todos os seres vivos, e divulgar a invulgaridade das suas propriedades físico-químicas. A sua relação com a sociedade não se manifesta apenas pelas visitas, mas também com divulgação através da internet ou de sessões presenciais na escola ou onde for necessário.



PARQUE ORIENTAL



O Parque Oriental foi definido no Plano Geral de Urbanização de 1987. Em 1993, a CMP lançou, no âmbito do plano de requalificação e renovação urbanística e ambiental do Porto Oriental, um concurso de ideias para o então Parque Oriental, Freixo e Complexo Lúdico-Tecnológico. Está implantado numa área da freguesia de Campanhã por onde passam os rios Tinto e Torto, ocupando terrenos agrícolas e arborizados com, no final do projeto, cerca de 80 a 100 hectares. Este parque toca antigas e importantes quintas como a da Revolta e de Vilar d’Allen. Inaugurado em 2010, o parque desenvolve-se ao longo da margem esquerda do Rio Tinto. Desenhado pelo arquiteto Sidónio Pardal, o parque contempla uma grande área com relvados, áreas arborizadas e caminhos que garantem que a visita ao parque dê a possibilidade de praticar desporto e lazer. Uma particularidade deste parque reside na harmonização dos espaços verdes com o granito, rocha predominante e característica da cidade do Porto, particularmente nos seus tradicionais edifícios e pavimentos de ruas. A visita a este parque é compensadora. O seu sossego e a sua beleza libertam o visitante.

Partindo da estação da Levada do Metro do Porto pode-se chegar ao Parque Oriental seguindo, para sul, o passadiço do Rio Tinto.

 


PARQUE DE SÃO ROQUE





O Parque de S. Roque ou Quinta da Lameira resultou da aquisição pela CMP, em 1979, de parte da Quinta da Belavista que pertencia à família Calém. O Parque de São Roque tem, para além da casa apalaçada e terrenos envolventes, incluindo os formosos jardins, uma bem cuidada mata com sebes labirínticas, repuxos, lago, mesas e bancos de granito, uma capela para ali transferida vinda do Largo Ator Dias, etc. A Quinta de São Roque da Lameira, separada da Quinta da Bela Vista, tem entradas pela rua de S. Roque da Lameira, a sul, e pala Travessa das Antas, a norte. Dela foi separada uma parcela onde se construiu, em 1759, a Casa Ramos Pinto, hoje de São Roque, bela mansão com pavilhão de caça remodelada e ampliada, entre 1900 e 1912, pelo arquiteto Marques da Silva com o apoio, para o desenho do jardim de inverno da casa, de Jacinto de Matos, com merecida fama nos projetos de jardins. A Casa de São Roque pertenceu, no séc. XIX, à família de Maria Virgínia de Castro que, em 1885, sobrinha e herdeira da proprietária da quinta Delfina Hermínia Coelho Louzada, se casou com António Ramos Pinto, importante produtor de vinho do Porto.

Em 1978, a CMP adquiriu-a a António Eugénio de Castro Ramos Pinto Calém, neto de Maria Virgínia e António Ramos Pinto. No ano seguinte, o Parque de São Roque foi inaugurado e aberto ao público. O Parque, que está aberto ao público desde 1979, e tem excelentes condições para a prática de desporto ao ar livre e lazer, para não falar das belas vistas que se alcançam da parte mais alta da quinta. É, sem dúvida, um dos parques mais interessantes do Porto. Ocupa uma área de quatro hectares e meio e está muito bem equipado para receber os visitantes mais exigentes. Tem, desde 2002, um Centro de Educação Ambiental, boas casas de banho, bastantes bebedouros, parque infantil, três fontes e um lago com jatos de água, bancos e mesas de pedra que apoiam bons piqueniques. O seu esplêndido jardim, desenvolvido com o benefício das mãos do conhecido Jacinto de Matos, tem uma notável flora onde se destacam uma boa coleção de idosos eucaliptos, o labirinto de Buxus sempervirens, e as cerca de duzentas camélias.


Fonte dos Leões

 
Fonte do Encosto

Fonte da Capela

Fonte da Taça



PARQUE DA FUNDAÇÃO DE SERRALVES





O Parque de Serralves ocupou o espaço que foi da Quinta de Lordelo, na Rua de Serralves, com a sua casa burguesa e jardim romântico. A propriedade passou a pertencer, no final do séc. XIX, a Diogo José Cabral, empresário têxtil no Vale do Ave, que deu início a um conjunto de alterações no sentido de a adaptar aos seus gostos. A renovação da quinta foi continuada por seu filho, Diogo José Cabral Jr., 1.º Conde de Vizela, a partir de 1900. Em 1923, o comando da quinta e das unidades industriais passou para as mãos de Carlos Alberto Cabral, 2.º Conde de Vizela, que aumentou a área da propriedade para os atuais 18 hectares, por aquisição de terrenos adjacentes e integrando, por permuta, a Quinta do Mata-Sete, propriedade da família herdada pelo seu irmão. Foi então mudado o nome da propriedade para Quinta de Serralves.

Homem culto com visão modernista, Carlos Cabral convida os arquitetos José Marques da Silva e Jacques Gréber para desenvolver os projetos para a Casa e o Parque, tendo o cuidado de neles ser integrada a estrutura dos jardins preexistentes. Tendo sido concluído, em 1932, o desenho dos jardins, a totalidade das obras do Parque terminou em 1940. Em 1953, Carlos Cabral vê-se obrigado a vender a sua joia, o que fez a favor de Delfim Ferreira, Conde de Riba d’Ave, também grande industrial em várias áreas, incluindo a têxtil, que conservou, com os seus herdeiros, o património até à sua aquisição, em 1986, pelo Estado Português, com o intuito de aí instalar um espaço de lazer, de cultura e de manifestações artísticas. A primeira iniciativa foi concluída com a abertura ao público, em 1987, do Parque de Serralves.

Em junho de 1989, foi instituída a Fundação de Serralves, constituída pelo Estado, empresas e particulares, cujos estatutos estabelecem a “promoção de atividades culturais no domínio de todas as artes”. O Plano Diretor Municipal do Porto de 1990 considerou o Parque de Serralves como zona de proteção paisagística, urbanística e arquitetónica, que levou a desenvolver os princípios orientadores das ações de recuperação e as regras de gestão e manutenção do património para abertura do espaço ao público. Da revalorização do Parque destacam-se a construção do Museu do Centro de Arte Contemporânea, projetado por Siza Vieira e inaugurado em 1996, e a instalação do Jardim das Aromáticas. Foram conservados e beneficiados os Jardins da Casa, a Alameda dos Liquidâmbares, os Parterres Central e Lateral, o Roseiral, o Jardim do Relógio e o das Camélias, e os bosques: Arboreto, Bosque das Faias e Bosque do Lago. A conservação da mata e dos campos de semeadura, particularmente o campo de Mata-Sete, permitiu a associação da prática agrícola à criação de alguns animais domésticos autóctones como o burro de Miranda e os bovinos das raças Arouquesa, Barrosã e Marinhoa. Esta atividade tem como objetivos essências o desenvolvimento de ações didáticas e pedagógicas. Há poucos anos, foi construído o “Treetop Walk”, um passadiço de madeira instalado junto à copa das árvores que permite observar o parque numa perspetiva diferente.

O Parque de Serralves alberga um museu de arte contemporânea e a Fundação de Serralves, perto da entrada do parque. O museu expõe obras vanguardistas de artistas modernos com as instalações a mudar constantemente. Não tem exposição permanente.

 


PARQUE MUNICIPAL DAS VIRTUDES





O Horto das Virtudes, herdeiro da Quinta das Virtudes, foi construída na segunda metade do séc. XVIII. Era seu proprietário José Pinto de Meireles que, no séc. XIX, a vendeu a Pedro Marques Rodrigues que transformou a quinta para a produção de produtos hortícolas e plantas ornamentais para jardins. Em 1844, Pedro Rodrigues contrata José Marques Loureiro que rapidamente se transformou num excelente horticultor e rapidamente promovido a gestor do Horto, transformando-o num “centro difusor do conhecimento botânico e da horticultura ornamental. O auge deste horto foi atingido em 1865 quando foi nomeado como fornecedor da Casa de Sua Majesta a Rainha D. Maria Pia. Em 1890, Marques Loureiro funde o Horto das Virtudes com o estabelecimento de Jeronymo Monteiro da Costa, registando a nova sociedade com o nome de Real Companhia Hortícola-Agrícola Portuense.

O atual Parque Municipal das Virtudes fica nos terrenos da antiga Companhia Hortícola-Agrícola Portuense, desenvolvendo-se em socalcos encosta abaixo, bem no centro do Porto e a poucos metros da Torre dos Clérigos. Foi comprado em 1965 pela Câmara Municipal do Porto e alvo de obras de recuperação em 1998. Oferece uma panorâmica única sobre o edifício da Alfândega do Porto, o Rio Douro e a cidade de Vila Nova de Gaia.

Este parque tem uma disposição única, já que não é plano, mas sim vertical, ou seja, é composto por socalcos encosta abaixo. Para quem o visita, é um encanto escondido em plena cidade do Porto e com uma ótima localização, visto que está muito perto do centro histórico. Com muitas árvores altas, o seu maior tesouro é uma árvore – a maior Ginkgo Biloba do país, com cerca de 35 metros de altura. Considerada uma das maiores árvores da Europa, em janeiro de 2005 foi classificada como árvore de interesse público pela Direção Geral das Florestas. Existe uma entrada na Rua Azevedo de Albuquerque e outra atrás do Palácio da Justiça. Com muitos espaços verdes, este jardim tem várias estátuas modernas e um chafariz.

 


PARQUE DE NOVA SINTRA ou QUINTA DO BARÃO DE NOVA SINTRA



A Quinta das Oliveiras ou Vilar das Oliveiras pertenceu ao Barão de Nova Sintra, José Joaquim Leite Guimarães, “brasileiro de torna-viagem”, que fundou, em 1863, o “Estabelecimento d’artes e ofícios do Barão de Nova Sintra” que não teve aceitação na sociedade de então. Não esmoreceu e criou, em 1863, um estabelecimento para a educação de rapazes. Após a morte do Barão ocorrida em 1870, o estabelecimento passou para a Santa Casa da Misericórdia que ainda o mantém com o nome de Colégio Barão de Nova Sintra. Entretanto, a quinta foi adquirida, em 1867, pela família Reid, negociantes ingleses que se estabeleceram no Porto. A família recuperou a propriedade, mantendo um palacete, um magnífico jardim e uma mata que ainda hoje resistem. Em 1922, a família Reid vendeu a propriedade à sociedade de joalheiros Almeida Miranda & Companhia que, em 1932, foi adquirida pela Câmara Municipal do Porto a fim de nela alojar os serviços da Companhia das Águas, depois Serviços Municipalizados de Águas e Saneamento do Porto e atualmente Águas do Porto, E. M. Com uma grande diversidade botânica e com um ambiente calmo e tranquilo, o Parque de Nova Sintra tem um denso arvoredo, uma mata frondosa e numerosas alamedas e veredas. As antigas fontes e chafarizes do Porto dos séc. XVII, XVIII e XIX que foram recolhidas de diversos pontos da cidade entre 1930 e 1960 e deslocados para este espaço verde na altura da progressiva canalização da água na cidade, são outro motivo de interesse. “O Universo (4+3), de 1987, tem a autoria de Irene Vilar. Trata-se de uma escultura em bronze. Simboliza a totalidade do espaço e a totalidade do tempo. Associando o número 4, que simboliza a Terra, com os seus 4 pontos cardeais e o número 3, símbolo do céu, e o número 7, a totalidade do Universo em movimento.” O palacete da quinta é hoje ocupado pela Águas do Porto e respetivas infraestruturas. Há poucos anos, o parque ganhou a denominação “Jardins Românticos de Nova Sintra” e foi integrado no Roteiro Cultural da Cidade do Porto.

 


PARQUE DA PASTELEIRA





O Parque Urbano da Pasteleira ocupa uma parcela arborizada de sete hectares e meio que resistiu à ocupação por prédios com habitações de luxo da área total dos Pinhais da Foz. Porém, a própria Câmara Municipal reduziu aquela área quando ali construiu um bairro residencial. Este parque público está rodeado pelas Ruas de Diogo Botelho e de Bartolomeu Velho muito próximo do Bairro da Pasteleira. A beleza do muro que limita aquele espaço de lazer justifica uma visita. O seu arvoredo distingue-se pela presença de pinheiros-bravos, rododendro, e sobreiros, fazendo com que seja considerado como a última parcela de vegetação natural do Porto.

O Parque da Pasteleira nasceu da reconversão, segundo o projeto da arquiteta Marisa Lavrador, da antiga Mata da Pasteleira, tendo sido construído entre 2004 e 2009. O parque tem duas parcelas separadas por uma via rodoviária e ligadas por três passagens superiores, e dispõe de um Centro de Educação Ambiental. Em 2009 foi criada uma ciclovia com uma extensão de dois quilómetros ligando o Parque da Pasteleira ao Parque Oriental da Cidade.

 


PARQUE DA QUINTA DO COVELO




A Quinta do Covelo, antes do Lindo Vale ou de Quinta da Bela Vista enquadrada a poente pela rua Faria Guimarães, a sul pela rua de Bolama, a norte pela Rua do Monte de São João e a oriente pela Travessa do Monte de São João e Rua de Álvaro de Castelões, foi fundada, em 1720, pelo capitão geral da cidade Paes de Andrade, fidalgo da Casa Real. Mais tarde (1829 – 1830), a quinta, com nove hectares, foi vendida a Manuel José do Covelo que, aproveitando a abundante água que então nela nascia, a desenvolveu cultivando-a e ajardinando-a, chegando a “produzir 40 pipas de vinho, além de muitos carros de cereal. A água da nascente desapareceu devido às construções e escavações que se fizeram à sua volta. Adquirida por Manuel da Rocha Paranhos, passou a ser conhecida por quinta dos Paranhos.

Uma boa parte da quinta foi doada, por Isidro António Pereira Rocha Paranhos, ao Ministério da Saúde para ali ser construído um hospital dedicado à receção de doentes com tuberculose. Como o controlo desta doença eliminou a necessidade de construir aquele hospital, aquele Ministério entregou o terreno doado à Câmara Municipal do Porto que o transformou num esplendido espaço verde, uma parte na forma de mata onde se pratica adequado desporto em circuitos de manutenção, e outra para lazer onde as crianças passam horas inesquecíveis nos equipamentos ali instalados. Da quinta primitiva apenas restam as ruínas da casa, da capela dedicada a Santo António, uma fonte, um moinho de vento, e uma casa de caseiro, ainda habitada, que continuam a pertencer aos últimos herdeiros. Os recursos hídricos existentes são relevados através de lagos, de tanques revestidos de azulejos e espelhos de água para fazer a transição entre o construído e a natureza.

A Quinta do Covelo está ligada à história de um importante clube da cidade: o Sport Comércio e Salgueiros. Fundado em 1920, este clube alugou, em 1922, um terreno nesta quinta onde construiu o seu primeiro campo para futebol, o Campo do Covelo. Ali se manteve até 1930, mudando-se então para o campo de Augusto Lessa, instalado num terreno oferecido por Alexandre Vidal Pinheiro, que foi mais tarde homenageado pelo clube que atribuiu o seu nome aquele Campo.

Por se encontrar à cota mais elevada do Porto, 156 metros, esta quinta foi um importante campo militar durante o Cerco do Porto (1832 - 1834), tendo sido ocupada, pelos realistas que ameaçavam as tropas liberais que, por isso atacaram e conquistaram aquela posição em 16 de setembro de 1832. Pouco tempo depois, as tropas realistas contra-atacaram e recuperaram o monte. A resposta dos liberais não se fez esperar, e as tropas de D. Miguel sofreram uma pesada derrota e abandonaram aquele espaço grandemente destruído. Os liberais apenas reocuparam o Covelo em abril de 1833.

 


PARQUE CENTRAL DA ASPRELA



O Parque Central da Asprela começou a ser construído em 2020 e foi concluído e aberto ao público em maio de 2022. O Parque aproveita os recursos naturais existentes na área ocupada pelo futuro parque, nomeadamente parte da vegetação e a ribeira da Asprela, tão escondida e sacrificada nos últimos 50 anos. Ele ocupará uma área aproximada de seis hectares, o projeto por à vista de todos, para além da Ribeira da Asprela que ficará parcialmente descoberta, a Ribeira da Manga será desencanada. Para prevenir alagamentos, o parque terá uma estrutura para contenção de água com a capacidade para reter cerca de dez mil metros cúbicos de água.

Este parque foi finalmente inaugurado em 20 de março de 2022. É um belo “pulmão verde” que recebe de braços abertos todos os que trabalham ou estudam na área de influência do parque. Servido pelas estações do IPO e do Pólo Universitário do Metro, o Parque da Asprela é um excelente atrativo para a população da cidade devido à excelência dos seus acessos.

 


PARQUE DA ALAMEDA DE CARTES


            A Zona Oriental do Porto, muito esquecida e abandonada durante muitos anos, iniciou, no final do século XX, um programa de reabilitação urbana onde se contempla a criação do Parque Alameda de Cartes. Foi oficialmente divulgado pela CMP a criação deste parque que vai envolver terrenos públicos localizados entre o bairro do Falcão, do Cerco do Porto, do Lagarteiro e o parque oriental. Foi definido como objetivo do projeto, a criação de um espaço verde urbano contínuo para a população e uma rede de caminhos pedonais que promovam a acessibilidade. O horizonte do projeto é 2024.

 


OS CEMITÉRIOS DO PORTO


Cemitério de Agramonte

Cemitério do Prado do Repouso


Na identificação das áreas verdes da cidade não se podem esquecer os cemitérios que, por vezes, são autênticos jardins e museus públicos onde se revive a história da cidade dos últimos duzentos anos. Este reconhecimento não choca aqueles que alguma vez visitaram um cemitério com o objetivo de usufruírem da paz e tranquilidade que ali se sente e enriquecer a sua cultura com o que se vê e lê. Foram os ingleses que, nos finais do século XVII, passaram, como medida sanitária, a sepultar os seus mortos em áreas abertas denominadas inicialmente como campos santos e, mais tarde, cemitérios. Assim foi no Porto, em que o primeiro cemitério a receber as suas inumações, desde 1788, foi o Britânico da Igreja de Saint James, com acesso pelo Largo da Maternidade. Antes desta data, a colónia britânica do Porto fazia os seus enterramentos na margem esquerda do rio Douro, no lugar do Cais do Cavaco, muitos deles no areal com a maré baixa.

Segundo Nuno Cruz, existiam, em 1514, campas num terreno localizado em parte da rampa que liga a Rua Mouzinho da Silveira à Praça de São Domingos. Essas campas deviam pertencer ao cemitério dos Frades Pregadores. Terá existido outro local para enterramento dos defuntos de pessoas pobres no terreno doado, em 1675, à Ordem Terceira de São Francisco, terreno esse ocupado hoje pela Igreja e a sua Sacristia. Os cemitérios públicos portugueses foram oficialmente criados em 1835. Até essa data os católicos portuenses importantes (burguesia e membros da igreja) eram enterrados no chão das igrejas e capelas. Excetuava-se a Ordem Terceira de São Francisco que possuía um cemitério catacumbal, hoje visitável, onde se enterravam os irmãos da Ordem falecidos a partir da segunda metade do século XVIII. Estas catacumbas foram desativadas há 140 anos quando a Ordem Terceira de São Francisco abriu o seu Cemitério Privado em Agramonte.

O cemitério privado da Lapa foi construído, provisoriamente, em 1833, pela Irmandade de Nossa Senhora da Lapa, num pedido dirigido a D. Pedro IV para enterramento dos inúmeros cadáveres dos soldados mortos durante o Cerco do Porto e das vítimas da epidemia provocada pelo cholera morbus. A inauguração formal apenas aconteceu com a sua bênção em 1838. Um ano depois, no 1.º de dezembro, foi inaugurado o primeiro cemitério público: o do Prado do Repouso, considerado por Maximina Girão Ribeiro como um museu a céu aberto. Este cemitério foi o primeiro a ser construído no Porto como consequência da publicação do Decreto de 21 de setembro de 1835 que ordenava às Câmaras que construíssem cemitérios para acabar com o costume anti-higiénico de enterrar os mortos nas igrejas. No cemitério do Prado do Repouso eram sepultados, inicialmente, os mais pobres porque os mais ricos eram enterrados no cemitério da Lapa, ou cemitérios de outras Ordens e Irmandades que, entretanto, foram construídos juntos das suas igrejas. O primeiro exemplo é o cemitério do Bonfim, atualmente propriedade da Irmandade do Santíssimo Sacramento e do Senhor e Boa Morte, que se situa junto à Igreja de Nosso Senhor do Bonfim, no alto de Godim. Foi aberto em 1849/50.

Face às deficientes condições dos cemitérios privados, a CMP procurou impedir a sua utilização, mas em vão devido a importantes resistências. Uma epidemia de cólera, em 1855, criou as condições para que aqueles cemitérios fossem encerrados. Para cobrir as necessidades, a CMP viu-se obrigada a construir, nesse ano, o segundo cemitério municipal, o de Agramonte. Este cemitério ocupou os terrenos da quinta que pertenceu, no tempo do Cerco do Porto, à família Correia de Pinho. Esta quinta integrou o Campo de Agramonte de que era senhoria a Colegiada de S. Martinho de Cedofeita, aforada, em 1741, ao cidadão inglês Sansão Estart, sendo o prazo renovado, em 1767, ao Capitão José de Pinho e Sousa e a seu neto Joaquim Maurício de Sousa, negociantes da praça do Porto.

As Ordens e Irmandades reabriram mais tarde os seus cemitérios, mas acabaram, algumas delas, por negociar com a câmara a aquisição de espaços nos cemitérios municipais. Assim aconteceu com a Ordem Terceira de São Francisco, como atrás se refere, e com a Misericórdia do Porto, a Ordem do Terço e Caridade e a Confraria do Santíssimo Sacramento de Santo Ildefonso, que ocuparam terrenos no cemitério do Prado do Repouso. Apenas os cemitérios privados da Lapa e o do Bonfim se mantiveram porque possuíam boas condições para o cumprimento da sua função.

Com a expansão da cidade e o aumento da população surgiu a necessidade de instalar na cidade outros cemitérios que fossem atraentes para os portuenses, vencendo alguns credos antigos. Foram assim criados os cemitérios que ocupavam espaços próximos das igrejas paroquiais e afastados nas áreas habitadas. São exemplos os cemitérios paroquiais de Nevogilde (1840), o de Ramalde (1862), o de Campanhã (1867), o de Lordelo do Ouro (1872) e o de Paranhos (1872) e o de Aldoar (1924).

 





terça-feira, 21 de dezembro de 2021

As quintas e jardins do Porto e a água

 

2ª Parte - Os Jardins 


Jardins

Em 1890, veio para o Porto o arquiteto paisagista belga Florent Claes para orientar a construção de um parque anexo à moradia do brasileiro Braguinha, sita na rua do Heroísmo, que acabou por ser destruído pelas ampliações da Escola de Belas Artes do Porto. A mais antiga gruta e cascata junto a um lago deve-se a Florent Claes que os desenhou para a Quinta da Prelada, seguindo-se-lhe o lago e gruta do jardim do Palácio de Cristal. Desenhados por este arquiteto, em associação com Émile David, foram os jardins das Casas das famílias Andresen e Burmester no Campo Alegre, das Antas de Cima, da Quinta Amarela, do Espanhol à Rua Oliveira Monteiro, dos Pestanas (1878-88) à rua Gonçalo Cristóvão e outras em diversas ruas como a da Restauração, da Torrinha, etc..

A criação de jardins inseriu-se numa política do município de ajardinamento de espaços públicos, desenhando-os com um ambiente de carácter romântico. Nascem, assim, os jardins de São Lázaro, do Carregal, do Passeio Alegre, o de Arca d’Água ou Praça Nove de Abril, transformado em jardim em 1928, o do Largo ou Alameda da Aguardente (Marquês de Pombal), o da Rotunda da Boavista e o da Praça da República, aberta ao público em outubro de 1914, e onde se inaugurou, em 6 de fevereiro de 1918, a escultura Baco de Teixeira Lopes. No Jardim de Arca d’Água pode encontrar um lago com peixes, uma gruta artificial, plátanos de grande porte e uma escultura de Charters de Almeida, inaugurada em 1972, com o nome de ‘A Família’.

 


Jardim de São Lázaro




A construção do Jardim de S. Lázaro, oficialmente Jardim Marques de Oliveira, foi decidida, em 1830, pela Câmara Municipal do Porto. O mais antigo jardim da cidade ocupou, como começou a ser uma tradição, o espaço do Campo da Feira ou de S. Lázaro onde abundavam frondosos carvalhos e castanheiros. Foi desenhado segundo um plano de Baptista Ribeiro feito em 1833, e plantado por João José Gomes, primeiro jardineiro municipal da Câmara Municipal. Apesar de inaugurado em 1834, o jardim, na forma mais simples, apenas foi concluído em 1841. A sua arborização apenas se realizou a partir de 1857. Ao contrário dos outros que vieram a ser construídos mais tarde, era, e ainda é, cercado por uma grade de ferro que é fechada no período noturno. Este jardim sofreu remodelações pela mão de Émile David, o arquiteto paisagista alemão que foi convidado pelo Visconde de Vilar d’Allen para desenhar e orientar a execução de passeios públicos para a cidade, designadamente o do Palácio de Cristal e o da Cordoaria. Fica próximo da Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto e da Biblioteca Pública Municipal do Porto.

A massa de água que ocupa o centro do jardim é rodeada por doze magnólias que ampliam, com as suas sombras, a frescura que é conferida ao jardim pelo pequeno lago. O coreto, que terá animado o jardim em festas e nas tardes de domingo, aguarda que o gosto pela música e a ação da Câmara lhe restaure a vida. Não é situação única, acontecendo o mesmo em outros jardins públicos. Duas esculturas, uma de Soares dos Reis e outra de Barata Feio, prestam homenagem, respetivamente, aos pintores Marques de Oliveira e Silva Porto.

 


Jardim do Carregal




O Jardim do Carregal ou de Carrilho Videira ocupou uma boa parte daquela que foi a Praça do Duque de Beja e terrenos para o efeito oferecidos pela Santa Casa da Misericórdia à CMP, e foi construído em 1897. O termo carregal deriva de carrega, que é uma planta que abunda nos terrenos pantanosos. Aquela zona era, em tempos idos, atravessada pelo rio Frio, e os terrenos eram campos de lavradio pertencentes ao Hospital de Santo António. Existiu uma nascente cuja água foi canalizada para a Fonte do Paço, em 1850, esta fonte permanecia na Rua do Paço, mas a água era de má qualidade. Uma outra nascente no Carregal abastecia a Fonte dos Fogueteiros[1].

 O jardim situa-se a norte do Hospital de Santo António, entre as ruas Dr. Tiago de Almeida e a de Clemente Menéres. O seu desenho é da autoria de Jerónimo Monteiro da Costa, então diretor dos jardins municipais. A área ajardinada é envolvida por um lago com recorte irregular, atravessado por uma pequena ponte. Dos canteiros elevam-se enormes exemplares de coníferas, cedros e sequoias que oferecem, no verão, a sombra e a frescura para aqueles que descansam nos seus bancos. Num dos canteiros foi colocada uma estátua da autoria do escultor Hélder de Carvalho, de Abel Salazar, Professor e Investigador da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto, afastado da docência, em 1935, pelo regime de Salazar.

 


Jardim do Largo da Maternidade Júlio Dinis

O Largo da Maternidade Júlio Dinis, antigo Largo do Campo Pequeno, tem um pequeno Jardim dominado por um chafariz construído entre 1825 e 1828, abastecido com água do manancial de Paranhos. As vertentes desta fonte eram recebidas pela Casa da Torre da Marca, que adiante se descreve. Aquele chafariz foi demolido, em 1894, e levantado outro mais elegante e com maior dignidade, fazendo jus à Capela e Cemitério dos Ingleses que se encontram a poente do chafariz. Por ação do Professor Doutor Alfredo Magalhães, foi inaugurado neste Largo, o edifício da Maternidade Júlio Dinis, onde nasceram muitos dos atuais tripeiros. O jardim, muito elementar, tem um arvoredo que inclui a Tília-argêntea, a Amargoseira, Agreira e Acer-negundo que produz a sombra para aqueles que ali esperam pela boa nova.

 


Jardins do Palácio de Cristal



A primeira Exposição Agrícola do Porto realizou-se, em 1857, nos campos da Torre da Marca e em parte da vizinha Quinta do Sacramento num “abarracamento” para o efeito construído. A exposição foi organizada pela Sociedade Agrícola do Distrito do Porto, formada em 1854, impulsionada por Alfredo d’Allen, Visconde de Vilar d’Allen. Ela, e a que se seguiu dois anos depois, tinham como objetivo contribuir para a melhoria da agricultura portuguesa. O reconhecido sucesso daquela exposição levou o visconde de Vilar d’Allen e o professor da Escola Médico-Cirúrgica do Porto, António Ferreira Braga a impulsionarem a formação de uma sociedade que assumisse a responsabilidade de construir um edifício com a necessária dignidade para a concretização de eventos que, pela sua importância, levassem bem longe o bom nome da cidade do Porto. Em 1861 foi publicado o projeto dos Estatutos da Sociedade Palácio Agrícola, industrial e artístico, cujo fim era construir um palácio destinado a exposições feiras e espetáculos. Começou, a sociedade, por adquirir terrenos onde se construíssem um parque, jardins e gaiolas para aves e animais domésticos. Em 30 de agosto de 1861 formalizou-se no Palácio da Bolsa a criação da sociedade Palácio de Cristal, tendo sido eleitos para a sua direção Alfredo Allen, Francisco de Oliveira e Francisco Pinto Bessa. Dias depois, a 3 de setembro, foi lançada a primeira pedra do Palácio de Cristal, sob a presidência de D. Pedro V. Todavia, a obra só se iniciou quase um ano depois[2], nascendo, assim, o Palácio de Cristal, inaugurado em 1865 com a presença do Rei D. Luís e a família real. O Palácio de Cristal, imponente edifício de ferro e vidro, foi projetado pelo arquiteto Thomas Dillens Jones, contratado propositadamente para esse fim, e o arranjo do espaço exterior foi entregue a Emílio David[3].

Envolvendo o Palácio de Cristal desenvolveram-se os magníficos jardins que chegaram, com alterações, aos nossos dias. Foram concluídos, em 1865, quando da inauguração do Palácio de Cristal e abertura da Exposição Internacional Portuguesa. Émile David aplicou no desenho dos jardins algumas regras em voga na Europa da altura como a inclusão, a nascente, de estufas, a poente, de uma alameda, a Avenida das Tílias, onde existe ou existiu a Fonte dos Cavalinhos, um palco-coreto com concha acústica, onde se realizavam espetáculos durante o verão, um “Chalet” com uma varanda com vistas para o rio Douro, uma confeitaria e, anos mais tarde, ali se instalou o Real Velo Club, um dos primeiros clubes desportivos do Porto, associado especialmente ao ciclismo e natação, que terá servido de embrião à fundação do, então, Foot Ball Club do Porto. Os jardins contemplavam também um bosque com veredas que levam o visitante a lugares pitorescos, e varandas sobre o rio Douro.

Os jardins foram enriquecidos, em 1881, com o lago e a gruta, sob projeto do engenheiro belga Class. A gruta foi demolida durante a preparação da Primeira Exposição Colonial Portuguesa que se realizou em 1934. Na encosta do lado sul do jardim construíram-se algumas gaiolas onde viviam alguns animais exóticos. É o Jardim Zoológico do Porto que tem resistido ao passar dos anos, embora com cada vez menos espécies. Ultrapassadas algumas reservas, as visitas aos jardins do Palácio entraram nos hábitos dos portuenses, gozando a frescura que o arvoredo garantia e disfrutando dos aromas libertados pelos seus jardins.

Os Jardins e o seu palácio foram adquiridos, em 1933, pela Comissão Administrativa da Câmara Municipal do Porto, presidida por José Alfredo Mendes de Magalhães. Neste mesmo ano, a CMP começou a desenvolver o projeto do Pavilhão dos Desportos que incluía a construção de uma piscina de 33,33 metros com 18 metros de largura. Em 1951, foi o Palácio de Cristal demolido para ser construído no seu lugar o Pavilhão de Desportos, atual Pavilhão Rosa Mota, com projeto de José Carlos Monteiro. A obra do pavilhão tinha um prazo muito curto porque ali se pretendia realizar os Campeonatos Europeu e Mundial de Hóquei em Patins, a realizar em 1952. Como é habitual nas obras públicas, a obra não foi concluída, mas o campeonato realizou-se naquele espaço com a cobertura feita com uma lona, o que deu origem a bastantes percalços porque a chuva quis assistir a alguns jogos. Durante o período da construção do pavilhão os atuais jardins do Palácio de Cristal apenas sofreram ligeiras alterações que deram origem à sua atual configuração.

Em 1991, a CMP tomou a decisão de reabilitar os seus jardins, construir um parque automóvel subterrâneo e um edifício dedicado à cultura que inclui a Biblioteca Municipal de Almeida Garrett, uma galeria de exposições e um auditório com capacidade para 200 pessoas. Estas novas valências tornaram os jardins do Palácio mais atraentes, onde se incluem os jardins temáticos como o Roseiral, o dos Sentimentos (2007), um dos mais bonitos e privilegiado pela magnífica vista sobre o Douro, o das Plantas Medicinais, o das Plantas Aromáticas, e o das Cidades Geminadas (2009).

 


Jardim da Praça Mouzinho de Albuquerque

A Praça Mouzinho de Albuquerque, a maior Praça do Porto, é mais conhecida por Rotunda da Boavista. Construída em 1868, esta Praça foi, como outras atrás referidas, um Campo de Feiras. É dominada pelo imponente monumento de homenagem aos Heróis da Guerra Peninsular, da autoria do escultor Alves de Sousa e do arquiteto Marques da Silva. O monumento homenageia fundamentalmente a Inglaterra, apoiante de Portugal, representada pelo leão que prende a águia, símbolo das tropas invasoras de Napoleão Bonaparte, com as suas patas. O seu jardim, pouco frequentado por estar bem cercado pelo trânsito automóvel, ganhou alguma visibilidade desde que foi construída a Casa da Música, emblemática obra do Porto 2001, que muito turista atrai.

 


Jardim da Praça do Marquês de Pombal



O Jardim da Praça do Marquês de Pombal, até 1882 Largo da Aguardente, assim denominado porque ali se realizava o mercado da aguardente, foi ajardinado com um projeto de Jerónimo Monteiro da Costa, inaugurado em 1898 e remodelado diversas vezes, a última das quais durante a construção, em 2006, da estação de metro do Marquês. De forma notável, a empresa Metro do Porto deve ser aplaudida pelo enorme esforço que fez para manter os velhos plátanos do jardim. Junto ao lado norte encontra-se o coreto de ferro, infelizmente sem música nos últimos tempos. A poucos metros do coreto encara-se com um edifício da autoria de Bernardino Basto Fabião onde, entre 1948 e 2001, funcionou a Biblioteca Popular Pedro Ivo. Vítima do atual desprezo pelos livros, o edifício albergou um café com esplanada que acabou por fechar. Mantém, a meio, duas fontes com reciclagem da sua água. Uma delas, a que melhor impressão causa, foi transferida da Praça D. João I. A praça a que pertence o jardim tem dois edifícios com algum carácter monumental e dignos de uma visita: a igreja Paroquial de Nossa Senhora da Conceição, mais conhecida como Igreja do Marquês, e a casa-atelier do arquitecto José Marques da Silva, hoje sede da Fundação Instituto Marques da Silva.

 


Jardim de Teófilo Braga




O Jardim de Teófilo Braga, construído em 1915-1916, ocupa a Praça da República, antes de Santo Ovídio. É um jardim muito simples, com espaço relvado com arvoredo e alguns canteiros floridos, mais usado como meio de passagem e menos para descanso ou contemplação. O antigo Campo de Santo Ovídio, que deveu o seu nome a uma capela dedicada a São Bento e Santo Ovídio que existiu junto à estrada que seguia para Braga. O Campo, que serviu durante muitos anos para desfiles e manobras militares do Quartel de Santo Ovídio, passou a chamar-se da Regeneração após a insurreição militar de 1851 que levou à queda de Costa Cabral, e, após a implantação da República em 1910, adotou o nome atual de Praça da República. Desta Praça saíram, em 1820, os revoltosos liberais, e, em 31 de janeiro de 1891, os militares que se revoltaram contra a humilhante cedência do Governo e da Coroa ao ultimato inglês de 1890, e chegaram a proclamar a República em frente ao edifício da Câmara Municipal. Ironicamente, os revoltosos foram parados na Praça da Batalha por uma força da Guarda Municipal posicionada na escadaria da igreja de Santo Ildefonso. O jardim esta enriquecido com algumas obras de arte, nomeadamente o Busto de Baco (1916), a figura do Padre Américo (1959) e uma estátua evocativa da República (2010), dos escultores, respetivamente, António Teixeira Lopes, Henrique Moreira, e Bruno Marques.

 


Jardim do Campo 24 de agosto



O Jardim do Campo 24 de Agosto foi construído, entre 1912 e 1914, no local que teve a designação de Mijavelhas e antes Campo do Poço das Patas, no lado da Rua do Bonfim, e no Campo Grande que acabava na Rua de Montebelo, atual Avenida de Fernão de Magalhães. No terreno onde está o jardim existiu a arca de Mijavelhas exposta na estação do metropolitano do Campo 24 de Agosto, que alimentou algumas fontes da cidade. Também ali esteve, em tempos distantes, a Forca do Concelho na qual eram enforcados os condenados por roubo. Esta forca foi desmontada em 1714, ficando operacional apenas a nova Forca da Ribeira. A construção do metropolitano introduziu-lhe pequenas alterações, mas mantém a sua forma original de um triângulo com vértices arredondados. Louvando a importância que a água representou para aquele parque, um lago espreguiça-se pela altura do triângulo lembrando, se visto de cima, a letra S. Jatos de água nele plantados dão-lhe dinâmica, arejam e melhoram a qualidade da sua água. Envolvendo o lago, a área ajardinada é atravessada por caminhos pedonais muito bem conservados, ladeados por bancos que proporcionam um bom descanso à sombra de cedros e outras espécies de árvores. A área a norte do jardim foi cortada por uma faixa dedicada ao rei da cidade - o automóvel - deixando a estátua de Afonso Costa abandonada num pequeno triângulo relvado atravessado por uma passagem de peões.

 


Jardim de Arca d’Água

Até ao final do século XIX, o espaço hoje ocupado pelo Jardim de Arca d’Água não era mais do que um descampado que se tornara famoso pelo seu rico manancial que abastecia uma boa parte da cidade. Atualmente tem o nome oficial de Praça Nove de Abril, desconhecendo-se se a data evoca a tomada do Covelo pelos liberais em 1833, ou a Batalha de La Lys travada, em 1918, na Flandes, onde morreram inúmeros soldados portugueses. O Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF) reconheceu o interesse público de um conjunto arbóreo composto por 12 exemplares de magnólia-sempre-verde que fazem parte da alameda que bordeja o arruamento central do jardim.

 


Jardim da Avenida dos Aliados

O ritmo com que a cidade se expandia, no início do século XIX, fez com que a Câmara Municipal do Porto se instalasse na casa de Monteiro Moreira que fechava, a norte, a então Praça Nova, que se transformou no novo centro cívico onde se desenrolavam os mais importantes acontecimentos cívicos do Porto, entre os quais se destacam a revolução liberal e a implantação da República. Por ali passaram os revoltosos que, em 31 de janeiro de 1891 tentaram implantar, em vão, a República.

O Jardim da Avenida dos Aliados nasceu, em 1889, no plano oferecido pela ‘Compagnie Générale des Eaux pour l’Etranger’, mais conhecida por Companhia das Águas, com o título “Projecto d’embelezamento da cidade do Porto para servir a edificação aos novos Paços do Concelho e outros edifícios públicos…”[4]. Este projeto definia a criação de uma larga avenida, com o eixo ligando a estátua da Praça de D. Pedro, que fora Nova, e o centro da fachada da Igreja da Trindade. A avenida teria um separador central ajardinado rodeado de passeios que permitiriam saudáveis passeios aos portuenses. O plano considerava a demolição do edifício do Paços do Concelho que passaria para o quarteirão limitado pela nova avenida e pelas atuais Ruas de Elísio de Melo, do Almada e do Dr. Ricardo Jorge. Neste quarteirão ficariam também os edifícios do Governo Civil, do Corpo da Guarda e Oficinas, e da Biblioteca e Museu virados para a Rua do Almada, o edifício dos Bombeiros e o edifício destinado à Administração dos Bairros.

Como aquele plano dava total visibilidade à Igreja da Trindade, em detrimento dos edifícios públicos, a sua aceitação pela CMP era impossível, o que levou o município a lançar, em 1914, um concurso público para o “Plano de Melhoramentos e Ampliação da Cidade do Porto” baseado nos novos conceitos da arte de construção das cidades modernas. O Vereador Elísio de Melo orientou a 3.ª Repartição Técnica da CMP a elaborar o Projeto da Avenida entre as Praças da Liberdade (nova denominação) e da Trindade, que foi aprovado pela Câmara em 1915. O projeto foi reformulado pelo arquiteto inglês Barry Parker que mantém o eixo inicial, mas muda a configuração do jardim e coloca o edifício da Câmara à frente da Igreja da Trindade. Este estudo sofreu algumas críticas do engenheiro Gaudêncio Pacheco e do arquiteto Marques da Silva, aceites, em parte, por Barry Parker que reformulou o seu projeto.

A abertura da Avenida da Cidade teve início no dia 1 de fevereiro de 1916. Como o projeto preparado por Barry Parker para o edifício do município não agradava aos técnicos e políticos da Câmara, foi lançado novo concurso para esse projeto, tendo sido escolhido pelo Júri a proposta apresentado pelo arquiteto António Correia da Silva, da Câmara do Porto. O edifício acabou por ser inaugurado em 1957.

Em dezembro de 1929, foi inaugurada uma escultura de Henrique Moreira representando a “Juventude”, mais conhecida por “Menina Nua”, apoiada num pedestal do arquiteto Manuel Marques. A norte da avenida, foi colocada, em 1934, uma escultura intitulada “Os Meninos”, obra de Henrique Moreira.

A avenida, que começou por se chamar da Cidade, passou a ser das Nações Aliadas em homenagem aos heróis da Primeira Guerra Mundial e depois dos Aliados, apenas foi concluída no início da década de 1950. Ocupando a parte central da avenida, foi construído um bucólico jardim que tinha uma interessante particularidade - excetuando os seus relvados e os arbustos mais encorpados, as flores eram periodicamente substituídas. Pela manhã, cedo, chegavam viaturas da CMP que transportavam jardineiros e centenas de vasos floridos que ocupavam o espaço daqueles que tinham dado cor à avenida no período anterior. O portuense tinha, assim, a possibilidade de admirar o seu jardim renascido, com novas e vivas flores.

A construção da estação do metropolitano na Avenida dos Aiados obrigou à reconversão da própria avenida, incluindo o seu jardim. Essa renovação foi projetada e conduzida, em 2005/ 2006, pelos arquitetos Álvaro Siza Vieira e Eduardo Souto. Conhecida a solução, ela foi, e ainda é, bastante contestada porque os jardins e a calçada portuguesa deram lugar a uma enorme área coberta por placas de granito. A propósito, em resposta à sugestão de calcetar a Praça em frente à Câmara e de esta não ter nenhuma parte ajardinada, respondeu o arquiteto Parker: “Eu aprovo a ideia, mas não devemos perder de vista as desvantagens que têm grandes áreas de terreno calcetado, ou mesmo em forma de mosaico: o reflexo do sol, de verão faz calor, e a sua vista de inverno é triste. Ajardinar uma parte da Praça, sem dúvida a tornaria mais agradável; a questão é se isso destruiria o seu efeito para reuniões públicas. Espero, no entanto, que se permita a plantação de suficientes árvores para haver sombra e dar relevo à Praça[5].” Talvez esta resposta contenha a justificação para a mudança levada a cabo.

 


Jardim da Praça da Corujeira




A Praça da Corujeira, nome que pode dever-se à criação de corujas naquele lugar, localiza-se na freguesia de Campanhã muito próxima do antigo matadouro. É um amplo Largo arborizado com plátanos que teve duas grandes taças para receber a água de dois fontenários. Para além da frescura que os plátanos transmitem no período estival, poucos motivos tornam sedutora aquela praça, realçando-se o simples monumento ao gráfico português bastante vandalizado e com bastante lixo. A Praça ocupa um espaço usado outrora como feira onde se transacionavam, entre outros, gado, o que levou a denominá-la de Feira dos Bois. Este terá sido uma das razões usadas para localizar o Matadouro Industrial que substituiu o antigo matadouro de São Diniz. Depois de um complicado processo concursal, a construção do matadouro teve início em 1914 e apenas foi inaugurado em 1932. Completamente ultrapassado sob o ponto de vista técnico, ele foi requalificado como Jardim Municipal em 1993 e encerrado nos últimos anos do séc. XX. Atualmente está em marcha a sua transformação para criar um espaço para a instalação de “empresas, galerias de arte, museus, auditórios e espaços para acolher projetos de coesão social”. Para além da transformação do matadouro, a própria Praça da Corujeira vai ser reabilitada com o projeto do arquiteto Miguel Melo, esperando-se que a reabilitação seja concluída em 2024.

 


Parque Botânico do Campo Alegre




O primeiro passo dado para criar, na cidade do Porto, o Jardim Botânico deu-se, em 26 de setembro de 1836, quando Passos Manuel mandou publicar no Diário do Governo um documento no qual se estabelecia a criação de um jardim onde se promovesse o ensino das Ciências Naturais[6]. Esta iniciativa resultou da vontade manifestada pela Rainha D, Maria II. A Comissão nomeada para o efeito esfumou-se sem que nada tivesse acontecido. Poucos anos depois, o prefeito da Província do Douro, Manoel Gonçalves de Miranda, ordenou que o passeio de São Lázaro fosse transformado em Jardim Botânico para servir o estudo da flora. A ordem seguiu o mesmo caminho que trilhou a decisão do Ministro do Reino Passos Manuel, ou seja, foi esquecida.

Na sequência da reforma do ensino de Costa Cabral (1884), foram estabelecidos, por decreto de 1845, os locais mais apropriados para o Jardim Botânico e Experimental da Academia Politécnica do Porto, tendo sido atribuído, por Decreto publicado em 1852, o edifício e cerca do extinto convento dos Carmelitas Descalços, hoje ocupado em parte pela Ordem do Carmo e a restante pelo Quartel da Guarda Nacional Republicana. Em 1858, foram entregues 300 mil reis para a fundação do Botânico, mas, devido a diversos conflitos no seio da Academia, apenas em 1864 o jardim foi criado, ganhando, então, o interesse da Escola Médica e da Guarda Municipal. Em 1978, a infraestrutura já dispunha de casa do hortelão e de sala de aula bem mobilada e funcionando em pleno. Mas, cinco anos depois, a degradação das instalações denunciava a exiguidade do orçamento do Jardim Botânico.

A Escola, devido a fortes divisões entre os Professores do Conselho da Academia Politécnica levou o governo a ceder parte do Jardim ao Comando da Guarda Municipal, acabando por ceder a totalidade, em 1903, para que a Guarda o transformasse em horta e obrigando à transferência das plantas do Jardim para o Horto das Virtudes. Como prémio de consolação, a Academia recebeu o Jardim da Cordoaria que abandonou pouco tempo depois porque, na realidade, apenas podia etiquetar as plantas que ali se encontravam.

Em 1933, o Presidente da Comissão Administrativa da Câmara Municipal, Alfredo Magalhães, tencionava criar o Jardim Botânico no Jardim do Palácio de Cristal. Este desejo era correspondido pela Faculdade de Ciências que apontou, em 1937, o Professor Américo Pires de Lima, Diretor do Instituto de Botânica da Universidade do Porto, para redigir um texto que servisse de acordo entre a Câmara e a Faculdade. O documento produzido não foi aprovado pela Câmara e o assunto morreu. Foi então que surgiu a Quinta do Campo Alegre que estava à venda. Vencidas as habituais resistências da Câmara que queria, entre outras iniciativas, urbanizá-la para construção de vivendas de luxo, foi a propriedade adquirida, em 1952, pelo Estado para que ali se instalasse o Instituto Botânico com um Jardim com uma coleção de camélias que honravam a cidade.

O Jardim Botânico desenvolveu-se então na Quinta Grande ou do Campo Alegre que pertenceu, até 1759, à Ordem de Cristo então extinta. Em 1802, essa quinta foi adquirida Jean Pierre Salabert e, após a invasão, em 1809, do país pelas tropas francesas comandadas por Massena, foi confiscada pelo Estado. Onze anos mais tarde passa a ser propriedade de João José da Costa. Em 1875, a quinta foi vendida por Arnaldo Ribeiro Barbosa e mulher a João da Silva Monteiro, que nela construiu um novo palacete e transformou a quinta num jardim botânico, passando então a ser conhecida por Quinta do Campo Alegre. Vinte anos mais tarde, João Henrique Andresen Júnior adquire a Quinta e concluiu o processo de renovação tendo contratado o jardineiro paisagista Jacinto de Matos que consolida o traçado do jardim, constrói o campo de ténis, renova o bosque e introduz novas coleções de plantas[7]. Após a prematura morte de João Andressen, a sua mulher Joana Lehman continuou a manter os jardins com o apoio de Jacinto de Matos e Alfredo Moreira da Silva. Quinta foi mantida na família até 1949, ano em que ela foi adquirida pelo Estado e cedida à Universidade do Porto para aí ser instalado, em 1952, o atual Jardim Botânico e Galeria da Biodiversidade do Porto. Este espaço verde é digno de uma visita, apesar da mutilação que ocorreu, em 1956, quando foram construídos os acessos à Ponte da Arrábida, ficando reduzido a um terço dos originais doze hectares, levando a Universidade a conservar os jardins iniciais e à instalação de novos na antiga mata e campos de cultivo. Como acontecia em muitas das quintas do Porto, existia um chafariz hoje conservado no Jardim do Rapaz do Bronze que inspirou Sophia de Melo Breyner Andresen para publicação da sua obra com o título “Rapaz de Bronze”.

Durante a comemoração do quinquagenário da instalação do Jardim Botânico decidiu-se levar a cabo o projeto Jardim de Sophia, “que teve como objetivo restituir a memória e fantasia ao espaço, através da recriação das fábulas da autoria de Sophia[8]. O espaço ocupa um patamar, com pouco mais de um hectare, com extensa vista que abrange a foz do rio e o oceano. Engloba, conforme a sua natureza e história, os Jardins dos Jotas, do Roseiral, do Peixe, do Xisto, das Suculentas, dos Bosquetes e, ao lado da fachada nascente da casa, o jardim em que a água é o seu elemento central, representada por um lago com uma estátua de metal, o Rapaz de Bronze, da qual sai um repuxo. Junto à fachada poente temos um espaço arborizado onde se encontra um carvalho roble que pode ter sugerido o ponto de vigia usado pelo personagem Gladíolo do conto de Sophia para espreitar a festa que decorreu na casa. Os autores do projeto propuseram para este espaço o nome de Jardim do Carvalho do Gladíolo.[9] O Jardim Botânico está reconhecido pelo programa Green Flag Award como estando entre os melhores parques e espaços verdes do mundo[10]. O ICNF classificou como de interesse público um medronheiro-do-texas e três cedros-de-java, exemplares centenários, com idades entre 120 e 150 anos, reconhecidos como dos mais antigos das suas espécies no território nacional.

A Universidade do Porto decidiu integrar no Jardim Botânico, que já incluía os terrenos e jardins da Casa Burmester, os jardins da Faculdade de Ciências (o Jardim Silvestre, o Jardim Mediterrânico, o Jardim do Fosso e o Pinhal dos Cedros) e da casa Primo Madeira, criando, dessa forma o Parque Botânico do Campo Alegre, com uma área total de cerca de 13 hectares, área ligeiramente superior à que a Quinta do Campo Alegre tinha antes da construção da Ponte da Arrábida. A criação do Parque implicou a plantação de espécies adequadas, a erradicação de espécies invasoras e a introdução de elementos de sinalética. O Porto ficou assim servido com um amplo espaço totalmente aberto ao público, cheio de excelentes motivos de interesse didático e de deslumbramento, merecendo uma demorada visita.

 


Jardim do Cálem




Foi também na segunda metade do séc. XIX que a Foz do Douro cresceu em importância e população, tendo sido aberto o Jardim do Passeio Alegre, desenhado em 1870 e inaugurado em 1888, e, na década de 1920, os jardins das Avenidas do Brasil e de Montevideu, que se tornaram mais atrativas com o aparecimento do americano[11], em 1872, que ligava a Praça do Infante à Foz. Caminhando pela marginal do centro da cidade para a Foz, o primeiro jardim que se encontra e o do Calém, situado na freguesia de Lordelo do Ouro, na margem do rio Douro, próximo da sua foz. O nome que lhe foi atribuído é uma homenagem a António Alves Cálem, pai e filho, dois homens de negócios que muito representaram na produção e exportação de vinho do Porto e importação e transformação de madeiras exóticas. É um pequeno jardim privilegiado por ser uma varanda com vistas para o rio, para a Afurada, e, a poucos metros da foz da ribeira da Granja, e com a ilhota do Frade[12] a seu lado, sapal frequentado por inúmeras aves que encantam quem as vê a partir do Observatório de Aves instalado no jardim. No extremo oriental do Jardim encontra-se um monumento esculpido por Lagoa Henriques, em 1960, que recorda a expedição a Ceuta de 1415 e, no fundo, homenageia os “tripeiros” e a lenda que envolve a causa deste atributo - a preparação das “tripas à moda do Porto” - porque, com o envio de toda a carne nos barcos da expedição, apenas restaram aquelas vísceras para a alimentação dos portuenses. No limite ocidental do jardim instalou-se, em 2001, uma estátua de Irene Vilar com o nome de Mensageiro, bastante conhecida por “O Anjo”, uma bonita escultura representando o anjo S. Miguel.

 


Jardim da Marginal da Cantareira

Muitos se lembram dos prejuízos que a forte ondulação que alguns temporais provocavam nas casas ribeirinhas da marginal à Cantareira/ Sobreiras. Foi em 1998/99 que se construiu uma eficiente barreira roubando uma boa área ao rio e criando, com o desenho da arquiteta Marisa Lavrador, uma área de lazer e para a prática de desporto. O espaço contempla relvados que lembram as ondas que sulcavam o paredão com alinhamentos de palmeiras e de metrosíderos. O espaço está servido por dois restaurantes e, nas proximidades, por alguns edifícios com interesse cultural, como a ermida e farol de São Miguel-o-Anjo, a Capela dos Navegantes ou das Sobreiras e a Fonte das Cantareiras.

 


Jardim do Passeio Alegre



Junto da Foz do Rio Douro encontra-se o Jardim do Passeio Alegre, talvez o mais bem situado por estar envolvido pelo rio e pelo mar. Em 1862, iniciou-se a arborização do Passeio com espécies florestais vindas de Hamburgo por via marítima. O jardim foi construído em 1888 sob a direção de Jerónimo Monteiro da Costa, depois de a CMP ter recebido o terreno do Ministério das Obras Públicas. apesar de se admitir que ele foi desenhado, em 1870, por Emílio David atendendo a uma encomenda feita pela Comissão de Banhistas.  O desenho do jardim aproveitou o feliz enquadramento que viria a ter com o Douro a seu lado e o mar à vista para lhe transmitir a magnificência que ele tem. Foi inaugurado em 1892. No lado sul do jardim, separado do rio pela Alameda das Palmeiras das Canárias, desenvolve-se ao longo da margem um largo passeio que proporciona felizes passeios, saboreando a brisa que vem do Atlântico.

O jardim foi enriquecido com elementos de elevado valor artístico: o chafariz transferido do Convento de São Francisco, considerado como Monumento Nacional os dois obeliscos (classificados como imóvel de interesse Público) instalados à entrada da avenida central do jardim, paralela ao rio, desenhados por Nasoni quando da construção da casa e jardins da Quinta da Prelada que se encontram agora à entrada do jardim no lado oriental, um coreto, um pequeno “Chalet” romântico, classificado como imóvel de Interesse Municipal, um dos raros quiosques do Porto ainda “vivo”, e as instalações sanitárias dignas de uma voluntária visita, construídas em 1910. O jardim integra também um campo de minigolfe e dois campos de ténis. Foi enriquecido com a escultura de Dário Boaventura que se encontra num dos dois lagos, designado por "A Menina e a Foca", uma escultura de José Rodrigues homenageando o escritor Ferreira de Castro, e um monumento dedicado a Raúl Brandão. O Jardim do Passeio Alegre é reconhecido pelo programa Green Flag Award como estando entre os melhores parques e espaços verdes do mundo[13].

 


Jardins da Foz




Os Jardins da Foz foram construídos ao longo da primeira metade do século XX à medida que foram abertas as avenidas Montevideu e do Brasil, criando espaços verdes de lazer entre elas e o mar. No início da Avenida de Montevideu, junto ao Castelo do Queijo, o jardim foi enriquecido com uma fonte monumental, inaugurada em 1931, da autoria de arquitecto Manuel Marques. Caminhando daí para sul, cruzamo-nos com a estátua do Homem do Leme (1934), o busto de Camões, da autoria de Irene Vilar, e uma escultura de  que representa um salva-vidas no meio de uma tempestade (1937), da autoria de Henrique Moreira.

 


Jardim da Praia da Luz

O seu nome indica imediatamente a sua localização - na marginal da Foz junto à Praia da Luz. É um pequeno jardim, com alguns exemplares de Metrosideros e com o busto de Luís de Camões esculpido por Irene Vilar. Alguns canteiros relvados albergam arbustos resistentes ao ar marítimo como a Faia da Holanda, Tamargueira, a Rosinha da India, o Pitósporo-japonês. Associado ao jardim existe um miradouro que faz estender o olhar pelo Atlântico e viajar até às costas norte-americanas aproveitando a boleia de um barco que saia do Porto de Leixões.

 


Jardim da Praça Dr. Francisco Sá Carneiro

Localizada na zona das Antas, próximo da Igreja das Antas e ao lado do Complexo Desportivo do Monte Aventino, situa-se o Jardim da Praça Dr. Francisco Sá Carneiro, até 1981 Jardim da Praça Velasquez. Foi construído em 1948, sob orientação do engenheiro Pacheco Miranda e sob desenho do arquiteto Arménio que previa a instalação, no centro do jardim, de uma Praça de Touros que, felizmente, não foi construída. O jardim tem uma forma circular, circunscrita por carvalhos americanos. Formando circunferências interiores encontram-se algumas magnólias chinesas alternados com cedros-brancos. O espaço tem alguns caminhos em terra que convergem para o centro do jardim ocupado por uma escultura alusiva a Francisco Sá Carneiro, da autoria do escultor Gustavo Bastos (1990). Excetuando os dias dos jogos de futebol no antigo Estádio das Antas ou no atual Estádio do Dragão, ou nos sábados em que recebe uma feira de antiguidades, o jardim tem poucas visitas.

 


Jardins da Fundação Eng.º António de Almeida

O Jardim da Casa Nova, construído nos anos trinta do séc. XX por António Manuel de Almeida e sua mulher Olga Andressen, e desenhado pelo célebre jardineiro Jacinto de Matos, tem uma grande diversidade de plantas como azáleas, rododendros, medronheiros, e árvores pouco comuns entre as quais se destaca a coleção de camélias. O fator água etá bem presente com seu poço, a fonte ladeada, a taça de água em granito e o jardim do lago com a estátua do seu fundador[14], da autoria de Barata Feyo. Algumas peças escultóricas em granito “como o conjunto de figuras de músicos que ladeiam a alameda, os quatro animais alados do jardim redondo e o pedestal do relógio do sol[15]

 


Jardim Paulo Valada


O Jardim Paulo Vallada é um amplo espaço verde com a forma de um triângulo, ligando a Avenida Fernão de Magalhães à Rua Santos Pousada. É também conhecido como Jardim das Pedras porque no seu espaço foram semeados alguns megálitos que ousam questionar aqueles que por ali passam. Na realidade, esses monumentos são esculturas da autoria de Minauro Nizuma produzidas para o Simpósio Internacional da Escultura em Pedra realizado no Porto, em 1985. O jardim, dedicado a António Guilherme Paulo Vallada, empresário que ocupou a presidência da CMP no período 1983/85, foi desenhado pelo engenheiro Waldemar Cordeiro, então Diretor de Jardins da Câmara Municipal do Porto. Construído durante os anos 80 do séc. 20, o jardim foi inaugurado no ano da morte de Paulo Vallada, 2006. O jardim ocupa uma das áreas mais ricas em água do Porto, por onde passa, agora encanada, a ribeira de Mijavelhas ou do Poço das Patas.

 


Jardim da Sophia e Praça da Galiza


Os Jardins da Sophia e da Praça da Galiza, são dois espaços verdes e de sossego situados num movimentadíssimo cruzamento do Porto. O Jardim da Praça da Galiza é uma pequena área ajardinada entre as ruas da Piedade e a do Campo Alegre que inclui um espelho de água e uma estátua de Rosália de Castro esculpida por Barata Feyo e inaugurada em 1954. O Jardim da Sophia foi desenhado pela arquiteta Marisa Lavrador e construído em 1997. Integrado na moderna urbanização Mota Galiza, este aprazível jardim incorpora, para além dos seus arbustos, árvores e clareiras relvadas, um conjunto de elementos de água com pequenas cascatas e um lago.

 

Jardim da Praça Dr. Francisco Sá Carneiro




Localizada na zona das Antas, próximo da Igreja das Antas e ao lado do Complexo Desportivo do Monte Aventino, situa-se o Jardim da Praça Dr. Francisco Sá Carneiro, até 1981 Jardim da Praça Velasquez. Foi construído em 1948, sob orientação do engenheiro Pacheco Miranda e sob desenho do arquiteto Arménio que previa a instalação, no centro do jardim, de uma Praça de Touros que, felizmente, não foi construída. O jardim tem uma forma circular, circunscrita por carvalhos americanos. Formando circunferências interiores encontram-se algumas magnólias chinesas alternadas com cedros-brancos. O espaço tem alguns caminhos em terra que convergem para o centro do jardim ocupado por uma escultura alusiva a Francisco Sá Carneiro, da autoria do escultor Gustavo Bastos (1990). Excetuando os dias dos jogos de futebol no antigo Estádio das Antas ou no atual Estádio do Dragão, ou nos sábados em que recebe uma feira de antiguidades, o jardim tem poucas visitas.


Jardins da Fundação Eng.º António de Almeida

O Jardim da Casa Nova, construído nos anos trinta do séc. XX por António Manuel de Almeida e sua mulher Olga Andressen, e desenhado pelo célebre jardineiro Jacinto de Matos, tem uma grande diversidade de plantas como azáleas, rododendros, medronheiros, e árvores pouco comuns entre as quais se destaca a coleção de camélias. O fator água está bem presente com seu poço, a fonte ladeada, a taça de água em granito e o jardim do lago com a estátua do seu fundador, da autoria de Barata Feyo. Algumas peças escultóricas em granito “como o conjunto de figuras de músicos que ladeiam a alameda, os quatro animais alados do jardim redondo e o pedestal do relógio do sol”.


A lista de jardins do Porto não ficou completa com os descritos nas páginas anteriores. Muitos outros, de dimensões mais reduzidas e, muitas vezes, escondidos daqueles que vivem no Porto ou os que por aqui passam, espalham-se pela cidade. Seguem-se alguns, esperando que a lista se complete em futuro próximo:

  • No Largo José Moreira da Silva, situado entre a Rua da Alegria e a Rua Dom João IV, junto à Rampa da Escola Normal, desenvolve-se um pequeno jardim com o busto em bronze, da autoria de Salvador Barata Feyo. que representa José Moreira da Silva, fundador da Cooperativa dos Pedreiros. Tem uma fonte e um pequeno tanque, com reciclagem de água, que é um dos poucos bebedouros disponíveis na cidade para aves e outos animais.
  • No entroncamento da rua Firmeza com a rua Santos Pousada encontra-se o Jardim da Moreda, é uma pequena área com relvado e algumas árvores no qual se destaca um monumento ao Viajante Profissional de Vendas.
  • O Jardim da Praça da Rainha D. Amélia, ou da Póvoa de Cima ou do Largo do Chitreiro, é um pequeno jardim no entroncamento da rua Latino Coelho com a rua de Santos Pousada. É constituído por relvados com canteiros floridos, alinhados com espécies arbóreas e arbustos.
  • O espaço onde esteve, até 1948, o Mercado do Anjo teve um destino díficil, tendo passado pelo mercado provisório da Cordoaria esperando a inauguração do Mercado do Bom Sucesso, e pela Praça de Lisboa que não era mais do que um parque automóvel e ponto de partida de autocarros para Lisboa e Algarve. Na década de 1990 ali surgiu um nado morto apelidado de Clérigos Shopping. Tendo este espaço comercial sido renovado, a sua cobertura foi preenchida pelo Jardim dos Clérigos ou das Oliveiras, espaço relvado onde se distribuem oliveiras. Este pequeno olival no coração da cidade atrai tripeiros e turistas que disfrutam o sossego daquele espaço que presta homenagem ao olival do bispo que ali existiu.

  • O Jardim da Pena é um jardim recentemente construído perto da Faculdade de Letras, ao Campo Alegre, na Rua da Pena. Este jardim integra os Percursos do Romântico, circuito definido no vale de Massarelos no âmbito da Porto 2001, Capital Europeia da Cultura. Distingue-se pelas vistas abrangidas.
  • Em frente ao Liceu Rodrigues de Freitas formou-se uma praça semicircular ocupada em parte por um Jardim que assumiu, em 1936, o nome da Praça Pedro Nunes. O jardim é constituído por duas partes separadas pela Rua Augusto Luso, a maior delas ocupada por exemplares de Camélia japoneira enquadrando o busto do professor daquele liceu Leonardo Coimbra, do escultor António Duarte, inaugurado em 1983. Existe também uma estátua de Jacinto de Magalhães, primeiro diretor do instituto de genética, escultura de Laureano Guedes e inaugurada em 1987.
  • Inaugurado em 2006, o Jardim do Largo Palmira Milheiro, em homenagem àquela que foi diretora da Escola Feminina do Bairro do Amial, localiza-se na Rua da Telheira, ao Amial. Este espaço verde, outrora ocupado por um silvado, aproveitou o arvoredo que existia no lugar, onde predominam o carvalho americano e o liquidâmbar. Apenas foi relvado o terreno e colocado o mobiliário essencial a um jardim.
  • Teve início, na década de 1960, a construção de modernas urbanizações de que é excelente exemplo a Urbanização do Foco, levantada entre 1960 e 1973. Em simultâneo, foi construído o Jardim Machado de Assis que é rodeado pelos edifícios da urbanização. É constituído por áreas relvadas nas quais se inserem diversos arbustos e árvores como os carvalhos, freixos, etc. O jardim não contém qualquer elemento associado à água.
  • Próximo do Parque de Serralves e inserido num belo bairro de casas económicas, o Jardim do Largo D. João III foi sido construído em 1948-49. Ele incorpora algumas espécies arbóreas com interesse e nele foi instalada, em 1984, uma escultura de Afonso de Albuquerque, do escultor Diogo de Macedo, feita para ser exposta na Exposição Colonial do Porto realizada no Palácio de Cristal em 1834.
  • O Jardim da Rua Alfredo Keil, rua sita no Bairro Gomes da Costa, terá sido construído no final do séc. XIX ou início do séc. XX. É um pequeno jardim de recreio, com algum arvoredo, sem qualquer elemento ligado à água.
  • A Praça de Liége foi, até 1914, Largo do Monte da Luz. Ali foi construído um jardim muito apreciado pelos residentes da Foz do Douro dado o simbolismo da própria praça - uma homenagem à resistência oferecida pelos habitantes daquela cidade belga à invasão alemã que ocorreu no início da Primeira Guerra Mundial. O Jardim da Praça de Liege foi recuperado há pouco anos, dando nova vida ao seu repuxo e respetiva taça da zona central. Ladeando a fonte, duas pérgulas de madeira estão carregadas com madressilvas que dão sombra àqueles que descansam nos bancos aí colocados. Dominam e limitam o jardim dois alinhamentos de plátanos.
  • O Jardim José Roquete, uma iniciativa privada associada à Urbanização Foz Residence do grupo Altis, foi inaugurado em 2006. Trata-se de um jardim com dois pequenos relados que ocupam um campo triangular em que um dos lados é dominado por uma enorme fonte granítica com a forma de um aqueduto lembrando aquele que serviu a Foz. A água reciclada pelo aqueduto é lançada pelas suas bicas para um lago do tipo espelho de água.

Com a forma elíptica e sem orientação específica, o Jardim da Rua Manuel Bandeira é um campo de lazer e descanso que apoia os numerosos moradores de uma importante área com caráter residencial e empresarial delimitada pela Avenida da Boavista, Rua da Venezuela, Rua António Cardoso e Rua de António Bessa Leite.





[1] MARÇAL, R., 1965, O Jardim do Carregal e as suas imediações, VI Série, Ano V, n.º 9: 263 -264.

[2] CONDE DE SAMODÃES, 1910, Palácio de Crystal Portuense - Breve esboço histórico, O Tripeiro, 3.º ano, n.º 87: 228 - 230.

[3] Emílio David, arquiteto paisagista alemão, foi convidado, em 1864, para desenhar e dirigir a instalação dos jardins do Palácio de Cristal. Executou, em 1865, os jardins da Cordoaria e do Passeio Alegre. Depois de ter assumido durante dois anos a direção do Horto das Virtudes, assumiu, em 1870, o exercício da sua arte em gabinete próprio, projetando jardins, sobretudo em propriedades privadas, como os jardins da Baronesa do Seixo na Rua de Cedofeita, do Palacete dos Albuquerques na Rua do Rosário, e a de Arnaldo Ribeiro de Faria, na Rua do Heroísmo.

[4] FIGUEIREDO, R., PIMENTA DO VALE, C., TAVARES, R., 2013, Avenida dos Aliados e Baixa do Porto - Memória, Realidade e Permanência, Porto Vivo, SRU, Porto: 101. A descrição é um resumo do trabalho citado.

[5] Marques et al, 2014: 113

[6] PIRES DE LIMA, A, 1946, A Universidade e a cidade - O Jardim Botânico, O Tripeiro, 3.ª Série, Volume I, n.º 10: 221 - 224.

[7] ANTUNES, A. C., MARQUES, P. F., “O Jardim de Sophia”: uma fantasia espacial inspirada na obra literária de Sophia de Mello Breyner Andresen. Faces de Eva. Estudos sobre a mulher [on line]. 2016, n. 35 [citado 2020-11-30], pp.33-54. Disponível em: shorturl.at/goxQ8, consultado em 4/3/2021.

[8] ANTUNES & MARQUES, 2002: 39

[9] ANTUNES & MARQUES, 2002: 40

[10] GREEN FLAG AWARD, greenflagaward.org, consultado em 20/3/21.

[11] O carro americano foi usado como transporte coletivo em “caminho de ferro”, isto é, em carris. Inicialmente, as carruagens eram puxadas por cavalos, que foram substituídos por motores elétricos logo após o seu aparecimento. O Porto foi a primeira cidade a usufruir do carro americano, tendo sido construída, em 1871, a linha da marginal.

[12] Trata-se de um frade que, segundo a lenda descrita por Joel Cleto, apareceu nú naquele sapal lá deixado por uma leiteira que ele seduzira - ler em CLETO, J., 2010, Lendas do Porto, QUIDNOVI: 81.

[13] Green Flag Award, greenflagaward.org, consultado em 20/3/21

[14] MARQUES, P. F., FERNANDES, C., LAMEIRAS, J. M., GUILHERME, F., SILVA, S. E LEAL, I., 2014, Morfologia e Biodiversidade nos Espaços Verdes da Cidade do Porto. Livro 1 - Secção das áreas de estudo, CIBIO - Centro de Investigação em Biodiversidade e Recursos Genéticos da Faculdade de Ciências da Universidade do Porto: 64.

[15] Marques et al, 2014: 122.