sexta-feira, 1 de setembro de 2017

parte VII



Acompanhando a hidrografia da cidade do porto, passámos pelos talvegues onde a cidade do Porto teve origem: aquele que ocupa uma área entre as faldas ocidente dos montes das Antas e do Alto do Bonfim e a oriente do monte dos Congregados e o talvegue onde corre o rio Frio. Associado a este rio encontramos o manancial das Virtudes constituído por um conjunto de minas que alimentam diversas fontes, entre as quais as do Horto das Virtudes, das Virtudes, de S. João Novo e a do Convento dos Religiosos de Santo Agostinho. Diz Baltasar Guedes, citado por Teixeira, 2011, que uma fonte ali existente em que a água nascia em rocha viva era miraculosa e tinha virtude. Por isso, lhe tomou o nome. Naquele tempo podiam existir inúmeras nascentes de água porque hoje, apesar da impermeabilização do solo que ocorreu em toda a bacia e o encanamento da água da chuva levando-a diretamente para o rio Douro, ainda se podem observar nas encostas das Virtudes algumas nascentes e que o rio Frio leva um bom caudal de água mesmo nos verões dos anos secos como o de este ano de 2017.

Figura 1 - O Vale do Rio Frio e o Horto das Virtudes.

 
 Se a partir do rio Frio, seguindo o curso histórico da expansão da cidade, caminharmos para oriente, o primeiro curso de água que encontramos é a Ribeira de Vilar para a qual ainda é possível imaginar um parque ecológico que preserve, perto do centro da cidade, uma linha de água a céu aberto. Na sua margem esquerda estende-se, até ao Seminário do Vilar, uma encosta em socalcos, rica em água, onde resistem algumas hortas. A margem direita, com a sua Rua dos Moinhos, luta desesperadamente contra os grandes edifícios com frente para a Rua D. Pedro V. O que não é razoável é manter a ribeira no estado em que está, apenas visível em poucos metros porque o matagal a oculta quase completamente. É um pequeno desafio para a Câmara Municipal do Porto. A invasão do mau progresso na Rua D. Pedro V, já muito próximo das suas margens, faz-nos recear pelo seu futuro.

Figura 2 - O Vale da Ribeira de Massarelos.

          
A ribeira de Vilar ou Massarelos, ou Rio de Miragaia corre, no seu percurso a céu aberto, paralelamente à Rua de D. Pedro V no vale que tomou o nome do próprio ribeiro. Neste percurso, o ribeiro fez mover, no passado, moinhos de que é memória a rua que o acompanha. Segundo Furtado de Antas, 1902, “nos terrenos entre as ruas de Santa Isabel, Boavista, Carvalhosa[1] e Torrinha, existia uma bacia” onde se reuniam as águas escorridas pelas vertentes dos montes circundantes. Um deles, com origem no Campo da Regeneração ou de Santo Ovídio, atual Praça da República, seguia paralelamente, pelo lado Norte, a rua dos Bragas e da Torrinha, sendo cortado pelas ruas Cedofeita e Aníbal Cunha. Outra linha de água vinha dos monte Pedral e do Monte Cativo, seguindo entre aquele monte e a rua de Antero de Quental, antiga rua da Rainha, que era atravessada pelas ruas da Constituição e da Boavista, e seguia para a travessa do Priorado. Uma terceira linha (Horácio Marçal, 1968) iniciava-se nos terrenos da avenida de França, passando pelos terrenos da Praça Mouzinho de Albuquerque. O encontro dos três riachos dava origem a uma zona pantanosa, um lameiro, entre a Praça Pedro Nunes e o Largo Sá Pinto. O ribeiro seguia, então, aproximadamente, na direção da rua da Piedade e, depois, paralelamente e à esquerda da rua de D. Pedro V, desaguando no rio Douro na Alameda de Basílio Teles. No seu troço final uma parte da água do ribeiro é encaminhada para o coletor municipal de Massarelos que desce pela rua D. Pedro V. O ribeiro tem, ou teve, uma extensão de, aproximadamente, 3,94 km, uma grande parte (97,6%) encanada.
Em 2001, Paula Reis (2002), qualificou a água do ribeiro de Massarelos num ponto de amostragem próximo da sua foz, verificando que ele transportava, em média, cerca de
2,4 ton/dia de carga orgânica (com valores pontuais variando entre 1,1 e 3,4 ton/dia). A CQO da água deste ribeiro era igual ou superior aos valores normalmente encontrados em águas residuais domésticas. A instalação de um moinho tradicional permitiria recuperar parcialmente a qualidade deste ribeiro.

Figura 3 – Trecho curto e sujo da ribeira de Vilar

Os vales do rio Frio e da ribeira de Vilar são ricos em pequenas nascentes com origem em mananciais que reservam grandes quantidades de água, muito menos hoje do que no passado. Esta água alimentava fontes e chafarizes dos quais ainda resistem alguns. Mais não foram porque o rio Frio serviu de fronteira à expansão da cidade do Porto que preferiu seguir os caminhos que levavam e traziam as mercadorias, como os que seguiam para Viana do Castelo, Braga, Guimarães e Valongo. Muitas das fontes e chafarizes que serviram a população que viveu nesta área desapareceram e delas há muito pouca informação: o Chafariz dos Frades Antoninos do Vale da Piedade[2], particular, dentro de muros, no Hospício que aqueles frades possuíam junto ao Mercado do Peixe; a Fonte do Touro, junto à Porta Nobre, e a da Rata ou Tanoaria, na Rua dos Arménios, “em cujo tanque os tanoeiros amoleciam as aduelas usadas para construir as pipas e tonéis” (Horácio Marçal, 1968). O portal da Junta de Freguesia de Miragaia faz referência à Fonte da Rua do Paço[3], entretanto desaparecida, que recebia água encanada vinda diretamente do Rio Frio quando este não estava poluído.
Procuremos percorrer os dois vales em procura das sua fontes e chafarizes. Partindo da Cooperativa Árvore, e com o seu edifício nas nossas costas, estamos a olhar para as traseiras do Palácio da Justiça, exatamente na área onde se encontrava a atual Fonte do Monte dos Judeus, de espaldar, que pertenceu ao antigo Mercado do Peixe que existiu no local onde hoje se encontra aquele Palácio, no Jardim da Cordoaria, antigo Campo do Olival. Esta fonte terá sido construída ao mesmo tempo que esse mercado e que foi inaugurado em 8 de março de1874. A fonte estava no lugar onde vendiam as sardinheiras que tinham, a um nível inferior, uma torneira para lavar as canastras das sardinhas (Silva, 2000). A fonte foi transferida para a Rua do Monte dos Judeus quando o mercado foi demolido em 1952.

 
Figura 4 – Fonte do Monte dos Judeus

Seguindo pela Rua de Azevedo de Albuquerque em direção ao Hospital de Santo António, devíamos encontrar a Fonte dos Fogueteiros, construída antes de 1820, que ficava perto do Hospital Real de Santo António da Cordoaria, da Santa Casa da Misericórdia. No início ela encontrava-se junto aos alicerces do hospital e, em 1843, deslocada para a rua dos Fogueteiros, atual rua Azevedo de Albuquerque, por debaixo de um, o central, dos três arcos do paredão[4] que sustentam a rua da Restauração ao lado do Hospital de Santo António. Esta fonte, que tinha apenas uma bica e um grande tanque, recebia a água e, de acordo com a opinião de Souza Reis, as suas impurezas de uma mina localizada por baixo do Hospital junto das sentinas (Tito de Noronha, 1885[5]), resultando, como disse Furtado de Antas, em 1902, a fecalização da água da fonte. J. Bahia Júnior descreve a mina e realça a existência de infiltrações extensas, brancas e negras. Ele próprio, durante a visita que fez à mina, teve um ameaço de síncope, desconhecendo se ela se deveu ao cansaço ou a intoxicação. A mina estava associada ao manancial das Virtudes, bastante contaminado com esgotos domésticos. Alguns autores, poucos e sem fundamentação, consideram que a água da fonte tinha origem direta no rio Frio. Em 1890, a água desta fonte foi considerada imprópria. Tito de Noronha classificou-a como das piores água da cidade, sensivelmente salobra, pesada e de gosto desagradável, com matéria orgânica em proporção elevada, aconselhando não a usar para a alimentação. Atualmente o espaço da fonte está vedado e parece ser usado por alguém sem outro abrigo, senão esse. Espreitando pelas frinchas, nada se vê. A fonte foi substituída há anos por um fontenário que a C. M. do Porto instalou no Largo do Viriato. Neste Largo resiste um dos últimos balneários públicos do Município do Porto




Figura 5 – Alçado e planta do paredão da rua da Restauração, encostada ao lado sul do Hospital Real de Santo António da Cordoaria, por Joaquim da Costa Lima Sampaio, aprovada pela Junta de Obras Públicas em 14 de março de 1828. Fonte: Arquivo Municipal do Porto, Gisa, Gestão integrada de sistemas de arquivo, descarregada em 13/8/17 de Goo.gl/oLPnEf.

Figura 6 – Imagem atual do muro de suporte da Rua da Restauração.
No arco central esteve a Fonte dos Fogueteiros.

Figura 7 – Fontenário do Largo do Viriato que substituiu
a fonte dos Fogueteiros

Em frente aos arcos do paredão da rua da Restauração, apresenta-se a entrada para o Horto das Virtudes. Apesar de algum desleixo, aquele Horto é um espaço que o tripeiro não deve esquecer, pela sua beleza e pelo que se vislumbra. Desenvolvido em socalcos pelo horticultor José Marques Loureiro, a partir de 1844, o Horto é, hoje, propriedade da C. M. do Porto que o adquiriu em 1998. Com o rio Frio por perto, literalmente por baixo, a água é abundante e desliza por caleiras e tanques em granito. O percurso de uma boa parte da água tem origem numa romântica fonte construída durante o período em que Marques Ribeiro esteve à frente do Horto, a Fonte da Quinta das Virtudes, que a lança numa larga concha por meio de uma bica que ocupa a boca de uma carranca. O estado da água nos tanques que acompanham o fio de água mostra bem a sua qualidade. O desenvolvimento intenso de algas é mais do que uma evidência da presença na água de contaminantes, sobretudo de nitratos e compostos amoniacais. De resto, há mais de um século que está bem registada a falta de qualidade da água do manancial das Virtudes.


Figura 8 – Fonte da Quinta das Virtudes.

Figura 9 – Carranca da Fonte da Quinta das Virtudes.

 
Figura 10 – Imagem da água de um dos tanques do Horto
das Virtudes, rica em algas.

Descendo os socalcos da quinta, sai-se por um portão deparando-se com o Chafariz das Virtudes à esquerda e de um grande tanque lavadouro à direita. Francisco Henriques[6] deu relevo a esta fonte a que chamavam das Virtudes porque a sua água era “de muita utilidade em várias queixas” e, por isso, a mandavam “buscar de outras terras”. Baltazar Guedes cita o cronista Agostinho que indica a presença de uma relíquia do mártir Santo Estevão junto de uma fonte miraculosa com virtuosa água que surgia de uma rocha viva e se distribuía por dois canos de bronze, com o débito de meia anilha de água cada um. A água caía num tanque que atraía as lavadeiras da cidade. Esta fonte chamou-se de Nossa Senhora das Virtudes, assim mencionada em 1580, segundo Eugénio da Cunha e Freitas[7], e encontrava-se no lugar onde existiu a Torre e o Postigo das Virtudes da Muralha Fernandina, construídos em 1376. A água desta fonte provinha de minas existentes naquele terreno que constituíam o manancial das Virtudes. A sua água, para além de límpida e cristalina, tinha comummente, propriedades medicinais. Este manancial abastecia também a Fonte da Rua de S. João Novo e o Convento dos Religiosos Eremitas de Santo Agostinho.
Inserido num programa camarário de abastecimento de água à cidade, em 1619, a Câmara Municipal do Porto mandou abrir a Calçada das Virtudes e construir a Fonte do Rio Frio, mais tarde Chafariz das Virtudes, com desenho atribuído a Pantaleão de Seabra e Sousa, fidalgo da Casa Real e Regedor da Cidade. A construção do chafariz foi financiada pela Imposição do Vinho. Atualmente, é um ponto integrante da Rota Urbana do Vinho. Foi classificado como Monumento Nacional por Decreto de 16 de junho de 1910.

Figura 11 – O Chafariz das Virtudes em todo o seu esplendor.

Rebelo da Costa descreve o chafariz das Virtudes como composto “de um alto frontispício adornado de antigas pirâmides, e firmado em bancos de pedra, que o rodeiam. A copiosa água que dela sai por duas carrancas gigantescas lavradas na mesma pedra, enche em menos de um minuto o maior cântaro. Ao seu lado estão dois profundos tanques em que diariamente lavam roupa de vinte até trinta lavadeiras. Em uma lâmina de mármore vermelho tem gravados estes versos[8]”:  

POSTERITATI.
FONS SCATET ILLUSTRI VIRTUTUM NOMINE DICTUS:
QUIT SITIT, HAS LYMPHAS ABSQUE TIMORE BIBAT.
ANTE CAVERNOSO DE PUMICE DEGENER IBAT:
OBSTABANT PIGRA LIMUS ET UMBRA MORA.
PUBLICA CONSPICUAS EXPENSA DUXIT IN AURAS,
UT QUE LOCO FLUERET COMMODIORE DEDIT.
INDE VIAM STRAVIT, DEJECITQUE ORDINE SEDES:
GRATIA TAM GRATIAS MAIOR UT ESSET AQUIS.
ANNO MDCXIX.

Existem diversas traduções deste texto. A do Professor Doutor Fausto Sanches Martins, transcrita por Aguiar Branco & Cardoso, 2016[9], diz o seguinte:

Fonte com o nome honroso das virtudes brota com abundância:
Quem tiver sede, beba sem temor esta água.
Até há bem pouco tempo, a água nascia entre as pedras:
O barro e as silvas impediam o acesso.
O empenho público colocou as águas ao alcance de todos.
Possibilitou que corressem por melhor caminho.
Depois aplanou o caminho, e colocou ordenadamente assento.
Para que as águas agradecidas pudessem correr livremente.
Ano 1619.

Horácio Marçal[10] apresenta uma versão bastante mais simples, que diz: “aqui flui a fonte dita das Virtudes; quem tiver sede já pode beber sem receio. Estas águas nasciam de uns penedos cavernosos, e andavam por aqui perdidas em charcos imundos e sombrios. A Câmara Municipal as expôs como vedes, fazendo esta majestosa fábrica e, para lhe dar maior realce, abriu esta estrada e fez estes assentos no ano de 1619” 
Embora alguns autores enalteçam os passeios que os portuenses faziam às Virtudes no século XVII e XVIII, os roubos que foram ocorrendo ao longo dos tempos demonstram bem o isolamento em que ela se encontrava, tal como acontece nos nossos dias. Horácio Marçal, 1960, afirma que ”desde há compridos anos que o passeio das Virtudes, já não falando da área fundeira onde permanecem as ruínas da fonte – que essa, infelizmente encontra-se num estado calamitoso – deixou de ser frequentado pelas famílias gradas cá da nossa terra. Está, o que pode dizer-se, num abandono verdadeiramente confrangedor”. Devido a este abandono, a zona das Virtudes, em especial a calçada e a fonte, eram muito frequentados por gatunos, malfeitores e prostitutas. Desapareceram os bancos de pedra, as pirâmides e, para cúmulo, a imagem de Nossa Senhora das Virtudes. Pinho Leal, 1875, citado por Horácio Marçal, 1960, sublinha: “causa dó uma obra de tanto preço votada ao abandono, pois há muito que o público não faz uso da água desta fonte, preferindo, por maior comodidade, a do Chafariz das Taipas; e mesmo porque a das Virtudes era mal saborosa. Lá se conservam ainda os dois tanques das lavadeiras, aumentando progressivamente o número destas com o desenvolvimento da cidade. Depois das Fontainhas, são estes os lavadouros públicos de maior movimento que há hoje (1875, como dissemos) no Porto". 
Sobre o abandono deste chafariz, Aguiar Branco & Cardoso, 2016, escreve que ele “está tão escondido que até o crescimento urbano se esqueceu de o demolir, e essa omissão dá-nos a oportunidade única de nos deleitarmos a comemorar os quatro séculos desta relíquia”. Os autores defendem a intervenção pública na sua reabilitação que passaria, entre outras coisas, pela reconstrução do tanque que ela teve e devolver-lhe a água que no passado lhe retiraram. Os autores salientam dois importantes aspetos:
1.   O brasão nacional não é encimado pela coroa real. Contrariando a tese mais comum de a coroa ter sido destruída por vandalismo, eles defendem a hipótese de ele estar incompleto porque o chafariz foi construído durante a ocupação do País pelos Filipes de Espanha, situação semelhante à ocorrida por outros edifícios construídos durante aquele período;
2.   O elemento central que emoldura as “lâminas” de mármore vermelho onde estão transcritos os versos em latim vêm sendo atacados pelas chuvas ácidas e, dentro de poucos anos, já nada restará daquela mensagem se elas não forem recolhidas e colocadas cópias no espaldar do chafariz, e com uma placa encostada ao muro com a respetiva tradução.

Como atrás referimos, Manoel Nepomoceno declarou que a água do manancial das Virtudes, que alimentava o chafariz, não era boa para os usos domésticos. Segundo Noronha, 1885, o Chafariz das Virtudes, que antes mereceu, pela sua água, ser descrito no Aquilégio Medicinal, “tinha muita arquitetura, muita inscrição latina e muita impureza”, classificando-a como “má, salobra, desagradável e imprópria para a alimentação, e só tem a virtude de ser a pior de todas”. A caracterização química que este autor fez da água das Virtudes provou que ela era bastante salina (resíduo seco – 1259 mg/L), com elevadas concentrações de cloretos (702 mg/L NaCl), e de nitratos (81 mg/L NO3). A sua oxidabilidade ao permanganato apresentava também um elevado valor (28 mg/L O2) e elevado grau hidrotimétrico (29 º franceses). Em 1928, Laroze obteve resultados mais modestos, mas ainda elevados, para cloretos (204 mg/L NaCl) e para o grau hidrotimétrico (20 º franceses). Larose assinala que os nitritos são pouco abundantes e os nitratos abundantes.

Figura 12 – Carrancas do Chafariz das Virtudes

Deixando o Chafariz e descendo para Miragaia pela Calçada das Virtudes, chega-se à rua de S. Pedro de Miragaia onde as lajes de granito cobrem o rio Frio. Mesmo num mês de agosto de um ano seco como o de 2017 ouvem-se, pelas frinchas das lajes de granito, os chios de alegria do rio que corre lesto para abraçar o Douro. Nesta rua, junto à Igreja Paroquial de Miragaia, encontra-se num pequeno nicho a Fonte do Bicho, do Borges ou de S. Pedro[11], com uma bica, que coincide com a boca do golfinho, que lança, quando ela corre, a água num pequeno tanque. A fonte terá sido construída, no século XIX, na sequência da cedência de uma pena de água ao capitão António Borges, da Marinha Mercante, cuja escritura impunha a construção, na frente da sua casa, de um chafariz de serventia pública. J. Bahia Júnior indica que esta fonte “está marcada com o seu triângulo negro[12] e tem a sua nascente na Quinta do Espírito Santo, por baixo do Muro das Virtudes, em um imundíssimo recinto”, brotando num ponto muito próximo de um “enorme chiqueiro, todo encharcado de água e urina, coberto de fezes de suínos que aí se vêm passeando no monturo e que se recolhem na casa ao lado, onde vivem em comum com umas vacas e os seus donos”. Pelo estado da boca do peixe, a sua água, quando corre pela bica, deve ter qualidade semelhante à da Fonte da Quinta das Virtudes.

Figura 13 – A Fonte do Bicho nos nossos dias.

Deixando a fonte do Bicho e entrando no Largo de S. Pedro de Miragaia encontra-se, à esquerda, a rua Arménia que, a poucos metros do início se separa, pela direita, da rua de Tomás Gonzaga. Nesta rua existiu a Fonte da Rua da Arménia ou dos Borges, edificada na frontaria de uns armazéns de António José Borges situados então na rua da Esperança, atual Rua Tomás Gonzaga, na zona de Miragaia (Tito de Noronha, 1885, Gomes Leite, 1836). Segundo J. Bahia Júnior, a fonte não era mais do que uma pequena bica emergindo da parede entre os números 76 e 78, com uma pequena mesa em pedra para sustentar as vasilhas a encher. Ela recebia a sua água de uma nascente aberta no interior de um dos armazéns aí existentes. Tito de Noronha considerou a água desta fonte como má, pesada, pouco límpida, desgostosa e, por vezes, com cheiro.
Na rua da Arménia, ocupando os números 12 a 16 existe um conhecido restaurante com o nome “Verso em Pedra” no qual se servem enormes francesinhas. Na parede de fundo da sala desse comedor, tapada por uma vidraça, está uma mina da qual não conseguimos informações concretas. Em frente a este restaurante abre-se o Largo Artur Arcos dominado pela fonte de Hulsenbos, aí instalada em 1907. Tem quatro torneiras nas faces da coluna, e dois tanques, um num ponto mais alto e de dimensões mais reduzidas, e outro, maior e mais abaixo, que servia para dar de beber aos animais. É abastecida com água da rede pública, isto é, “água da companhia”. De acordo com as inscrições existentes nas quatro faces da coluna, esta fonte foi oferecida por D. Alice Hulsenbos à Sociedade Protetora dos Animais em honra de seu pai, cônsul da Holanda no Porto.

Figura 14 – A Fonte da rua Arménia ou dos Borges, segundo uma
imagem de J. Bahia Júnior, 1909


Figura 15 – A Fonte de Hulsenbos que ainda serve para
dar de beber a muitas aves

Se seguirmos pela rua Nova da Alfândega em direção à Ribeira encontramos, percorridas poucas dezenas de metros, a rua de O Comércio do Porto, antiga Rua da Rosa, e depois Ferraria de Baixo ou Ferraria Nova (Silva, 2000), onde existiu a Fonte da Rua de O Comércio do Porto, primeiro Fonte do Reguinho, que substituiu a Fonte dos Banhos que se localizava na rua do mesmo nome, dentro da Muralha e em frente ao postigo dos Banhos. Este postigo situava-se no lugar onde hoje se encontra o parque da Alfândega. Foi construída em 1890, com materiais que vieram da fonte da Praça da Batalha, substituindo a dos Banhos demolida naquela data. A fonte da rua de O Comércio do Porto era servida por água dos mananciais de Paranhos e Salgueiros num ramo que saía da Arca do Anjo.

Figura 16 – A Fonte da Rua de O Comércio do Porto,
segundo A. Fontes, 1909.

 
Voltemos para trás, para a rua da Arménia. Caminhando em sentido inverso e, virando à esquerda, entremos e percorramos a rua de Miragaia na direção da foz do rio Douro. À esquerda, e num plano superior, o austero edifício da Nova Alfândega e o espaço onde existiu a estação de caminho de ferro que ligava a Alfândega à estação de Campanhã, garantindo o transporte das mercadorias sem atravessar o centro da cidade. Bem em frente aos Arcos e ao Largo de S. Pedro de Miragaia, à altura da esquina oriental do primeiro edifício da Alfândega (A. Fontes, 1909), logo a seguir à extinta estação do caminho de ferro, encostada ao muro de suporte do seu patamar existiu a Fonte de Miragaia que terá sido construída pela C. M. do Porto, em 1865, substituindo a Fonte da Colher. Recebia água dos mananciais de Paranhos e Salgueiros. Tinha no frontispício três pias servidas por três bicas, e o remate deste chafariz era uma pirâmide do espaldar que pertenceu ao tanque da Praça de D. Pedro Fontes, 1908. Foi removida quando se abriu a segunda rampa, a ocidental, para acesso de automóveis e outras viaturas à Rua de Miragaia. Nas análises químicas realizadas no laboratório da Escola Médico – Cirúrgica, em 1905, a água da Fonte de Miragaia, com origem na mistura da água dos mananciais de Paranhos e Salgueiros, apresentava uma elevada concentração de sais dissolvidos, particularmente cloretos, que lhe conferiria sabor. Pelos resultados de uma análise bacteriológica realizada pelo Professor Souza Júnior, Dr. Manuel Pinto e Adriano Fontes entre 1902 e 1907, a água seria classificada de má qualidade, e nos nossos dias como imprópria para consumo.

Figura 17 - A Fonte de Miragaia, segundo A. Fontes, 1909. 

Seguindo a rua de Miragaia, deparamo-nos, no seu termo, a envergonhada e escondida Fonte da Colher. Esta fonte, que já existia em 1491, foi construída a custas de uma parte de um imposto, chamado de “colher”, aplicado aos géneros alimentícios que entravam na cidade através da porta Nobre, que não era mais do que uma colher por alqueire do artigo transportado. Adriano Fontes admitiu, recorrendo a uma nota do Livro Grande, fol. 81 v.º do Arquivo Municipal, que a sua construção tenha coincidido com “a fundação da povoação de Miragaia em 1276 e que em 1296 já tinha setenta e cinco casas”. Era, nessa época, uma das melhores águas da cidade. Terá sido reconstruída em 1629, segundo a inscrição da lápide frontal em granito. Depois de ter sido praticamente abandonada por má qualidade da água e por ter ficado, em parte, soterrada pelas obras da Nova Alfândega (Souza Reis, 1984), foi mudada para o sítio onde agora está em 1871. Foi restaurada em 1940. Tem apenas uma bica. No brasão existente na parte superior e no bloco granítico acima da bica insere-se uma legenda com caracteres imperceptíveis que, segundo a transcrição de Bahia Júnior, diz” “Louvado seja o Santíssimo Sacramento e a puríssima Conceição da Virgem Nossa Senhora, concebida sem pecado original, 1629. A água desta fonte é desta cidade”.

Figura 18 – A Fonte da Colher, um pouco esquecida de quem passa.

Figura 19 – Legenda da Fonte da Colher.

 
Continuemos o nosso passeio. Subindo pelas escadas alcançamos a rua Nova da Alfândega. Prossigamos em direção a Massarelos. Depois de ultrapassado o edifício da extinta Guarda Fiscal vale a pena parar à porta do Museu do Vinho do Porto. Olhando para o seu interior vê-se, logo à entrada do lado direito, um poço coberto com uma proteção em vidro. Assim está porque a sua água, que terá sido útil no passado, está fortemente contaminada com esgoto doméstico. Andando pela rua de Monchique, que poucos pisam desde que abriu o Viaduto do Cais das Pedras, e antes de chegar ao Cais das ditas, vira-se à direita e sobe-se um pouco até à Rua do Cristelo para procurar saber onde estava e quando deixou de existir a Fonte da Rocha ou de Cristelo, situada nessa rua, encostada a um prédio onde estava a sua nascente. Souza Reis lembra que o proprietário desse prédio, Ignacio Smyth de Vasconcellos, terá pretendido tomar posse da água daquela mina, privando o povo desse usufruto. Não o conseguiu. Infelizmente, a rua está, em agosto de 2017, vazia de vizinhos, sem ninguém que possa dar qualquer notícia do passado, e o casario transformando-se velozmente numa sucessão de hotéis e outros tipos de alojamento de passantes. Apenas poucos operários cruzam a rua quando começa ou acaba a jornada e quando têm necessidade de buscar ou levar qualquer material. Ao que parece, os valores culturais estão esquecidos – veja-se o estado do Senhor dos Aflitos. Da fonte, nem rastos...

Figura 20 - O Senhor dos Aflitos, da Rua do Cristelo

Após passagem pela Igreja do Corpo Santo, que nasceu da Capela do mesmo nome construída em 1394, descemos ao Cais das Pedras que também foi Cais dos Insurretos quando Filipe II confiscou, para os integrar na Invencível Armada, dois barcos da Confraria do Corpo Santo. As tripulações desses barcos responderam queimando as velas e a bandeira de Espanha. Daí resultou a renomeação passageira do Cais. Chegados à Alameda Basílio Teles, enquadrada por esplanadas, encontra-se o Chafariz da Alameda de Massarelos, ou apenas de Massarelos. De acordo com a inscrição nela existente, terá sido construído pela C. M. do Porto em 1885. Foi recuperado em 1940. É constituído por uma coluna quadrangular inserida num tanque de quatro lados e com duas bicas colocadas em faces opostas da coluna. Atualmente não deita água e, mesmo que o fizesse, não seria pelas bicas ou torneiras que terá tido porque, como tem acontecido na grande maioria dos chafarizes e fontes, foram roubadas.

Figura 21 - O Chafariz de Massarelos, que agora não cumpre
a sua missão.

 
Nesta Alameda, antes de chegar ao entroncamento com a Rua de D. Pedro V, encontra-se a Rua da Fonte de Massarelos que segue paralelamente à oculta ribeira de Vilar. Esta rua chamou-se das Bicas de Vilar devido à presença da Fonte das Bicas de Vilar, agora chamada de Fonte da Rua de Massarelos ou das Bicas de Massarelos, que terá sido construída em 1637. A fonte das Bicas de Vilar tinha duas bicas e as suas vertentes alimentavam dois tanques com lavadouros, agora abastecidos com água da rede pública. Esta fonte, ainda existente mas com as bicas secas, recebia a água de um manancial com nascente nessa rua. Segundo J. Bahia Júnior, o manancial das Bicas de Vilar, localizado na quinta do Castanheiro, era contaminado com as águas residuais de uma fábrica, caindo, por vezes, das bicas da fonte, água corada. Esta classificação é bastante diferente da indicada por Souza Reis que caracterizava a água como excelente em tudo.

Figura 22 – A fonte de Massarelos segundo J. Bahia Júnior, 1909.


Figura 23 – A Fonte de Massarelos nos nossos dias.


Continuando a subir passa-se a rua Casal do Pedro e, mais ou menos a meio, entra-se na travessa do Campo do Rou que se percorre até encontrar a Rua do Campo do Rou e a das Macieirinhas. Nesta zona existiu a Fonte das Macieirinhas, segundo J. Bahia Júnior, 1909, “na rua das Macieirinhas à direita de quem sobe e fronteira ao prédio n.º 7”. Esta fonte está seca, escondida no muro e sem o prédio n.º 7 à frente, e, se as suas pedras não desaparecerem, vai ser engolida pelo silvado. A sua água, nascida num quintal próximo da fonte, era de má qualidade. Para Souza Reis a fonte era fornecida com água de boa qualidade, tão boa como a da fonte das Bicas porque tinham origens muito próximas, se não a mesma. Estas diferentes caracterizações não são antagónicas porque num período de 60 anos mudaram os critérios de classificação da qualidade da água, e porque esse período de tempo viu o “progresso” industrial e os efeitos da contaminação do subsolo por resíduos sólidos e líquidos da indústria. No cimo da rua da Macieirinha tem início a Rua de Entre Quintas onde se localiza o Museu Romântico que ocupa a antiga casa senhorial da Quinta de Macieirinha. Nela viveu, até à morte, o Rei Carlos Alberto da Sardenha. Nos seus jardins destaca-se um chafariz com um tanque octogonal e, no seu centro, uma taça por onde a água é lançada.

Figura 24 – A Fonte da Macieirinha, sem água nem bica,
e com o silvado a abraçá-la.

Figura 25 – O Chafariz da Quinta da Macieirinha

 
Voltando à rua Casal do Pedro, agora com a ribeira de Vilar à direita de quem sobe, alcança-se a rua dos Moinhos cujo nome pode indicar a existência de unidades para moagem aproveitando a água e o declive da ribeira de Vilar. No cimo desta rua depara-se com a Fonte do Caco ou das Azenhas[13], que está resguardada numa cave com abóbada em arco construída em granito e junto ao qual foi construído um moderno edifício. Tem uma bica no meio de uma concha e a água é recolhida em dois tanques com lavadouros. As suas vertentes são recolhidas pela ribeira de Vilar que aparece a céu aberto debaixo da mesma abobada, em frente à fonte. Pela inscrição existente no frontispício, ela foi construída, em 1899, pela C. M. do Porto. A água desta fonte tem origem numa nascente localizada nas suas traseiras, rompendo dos rochedos do monte da Pena (Souza Reis). A água é recebida por uma arca com cerca de um metro de altura de água (J. Bahia Júnior). Com a impermeabilização dos solos a água armazenada no manancial é, agora, muito menos, fazendo com que a fonte não deite pinga de água em grande parte do ano. Souza Reis considerava a sua água como de excelente qualidade. As suas vertentes seguem para dois tanques lavadouros. J. Bahia Júnior regista a existência de fezes e urina junto à porta da arca.

Figura 26 – A Fonte do Caco ou das Azenhas, segundo J. Bahia Júnior


Figura 27 - A Fonte do Caco em agosto de 2017.

 
Subindo a escadaria que liga a rua dos Moinhos à de D. Pedro V, e, aqui virando, andam-se alguns passos até ao entroncamento da rua do Vilar, aí encontrando a fonte de Vilar, construída em 1910 (Velasques, 2001). Hoje apenas serve como elemento decorativo do conjunto habitacional aí construído. Esta terá substituído outra do mesmo nome que existiu num “recinto profundamente colocado para o qual se desce por meio de uma escada de pedra, à esquina que forma a rua do Vilar com o Beco de S. Macário” (j. Bahia Júnior, 1909). Esta fonte tinha uma única bica, caindo a água num tanque e lavadouros. A água tinha a sua nascente no próprio local, num cubo de pedra fechado no qual a bica estava cravada.

Figura 28 – A Fonte de Vilar que apenas serve de elemento decorativo.


Em frente à fonte de Vilar, para ocidente, nasce a rua da Pena que, atualmente, liga a de D. Pedro V à Faculdade de Ciências. Ela era muito conhecida por aqueles que em tempos tinham que fazer na sua rampa a inversão de marcha no exame para obtenção da carta de condução. Que martírio representava aquela manobra! Pois nessa rua houve a Fonte da Póvoa estava situada na rua da Pena. A sua água vinha de uma mina, cuja nascente se localizava num quintal próximo, e caía por meio de uma caleira de pedra num tanque. Souza Reis atribuía à sua água qualidades especiais. A fonte já não existe e pessoas que vivem naquela rua há bastante décadas desconhecem-na.

Figura 29 - A Fonte da Póvoa, segundo imagem de J. Bahia Júnior, 1909


Regressando à rua de D. Pedro V, descendo-a pelo lado direito, encontra-se a fonte da Rua D. Pedro V que se localiza a meio desta rua no lado direito de quem desce. Tem apenas uma bica, entretanto desaparecida, inserida num medalhão em alto relevo, e a água cai num tanque rectangular. Esta fonte teve um brasão que foi deslocado para o jardim da Quinta do Barão de Nova Sintra. Foi restaurada em 1941. Raramente tem água. Segundo J. Bahia Júnior, 1909, a água nascia numa enorme rocha existente nas costas da fonte (morro da Pena). Dada a sua origem, os riscos de contaminação eram reduzidos, podendo-se admitir que a água era de boa qualidade. Uma análise bacteriológica realizada no início do século XX pelo laboratório da Repartição Municipal de Saúde e Higiene e pelo Laboratório de Bacteriologia do Porto provava-o (J. Bahia J., 1909).


Figura 30 – A  fonte D. Pedro V em agosto de 2017.


Descendo a rua D. Pedro V até à Alameda de Basílio Teles, caminhando alguns metros chega-se à rua da Boa Viagem, antes Caminho da Boa Viagem. Nesta zona ficava a Quinta de Massarelos e encostada ao muro da propriedade do Barão de Massarelos existiu a Fonte da rua da Fonte que, para Souza Reis, não era mais do que “um poço cuja água vindo à flor da terra derrama-se pelas bordas do seu receptáculo. Ela também é referida por J. Bahia Júnior que a apresenta como destruída. Este autor apenas testemunhou vestígios da arca da sua nascente na rua da Fonte, junto a uma capela. Subindo a rua da Boa Viagem, depara-se à esquerda com  a rua do Bicalho que nos leva à rua do Ouro, ponto final deste passeio. Souza Reis[14] refere a existência de três fontes no lugar do Bicalho: uma, situada no baixo da calçada da Arrábida, que estava, então (1842 – 1848), desprezada e tinha na sua traseira um lavadouro. A sua água vinha de uma mina que ficava na propriedade, naquela data, dos herdeiros de Manoel Brawne. A segunda fonte, denominada por J. Bahia Júnior como Fonte do Bicalho, situava-se no cais do Bicalho em frente à Fundição do Cais do Bicalho, por baixo da qual passava a mina que a abastecia. A fonte não era mais do que uma caleira em pedra. A terceira fonte, com melhor e cristalina água, ficava na rampa do sítio de Bicalho. Mais tarde, em 1901,  C. M. do Porto construiu a Fonte Nova do Bicalho, situada ao fundo da Calçada da Arrábida, antiga Calçada do Bicalho. Esta fonte tinha dois tanques com lavadouros, mas agora tem só um que recebe água com abundância. Em março de 2010, Freitas et al., 2010[15]  caracterizaram a nascente da fonte Nova de Bicalho cuja água é descarregada por um tubo para um tanque que debitava 0,3 L/s (9/3/2010). Os valores de pH e de condutividade da água determinados foram, respetivamente, 7,9 a 15,1 ºC e 447 µS/cm.

Figura 31 – A Fonte Nova do Bicalho, em 1909 (J. Bahia Júnior, 1909)


Figura 32 - A Fonte Nova do Bicalho em agosto de 2017.







[1] Atualmente Largo da Carvalhosa.
[2] Os frades Antoninos do Vale da Piedade fundaram o Hospício de Santo António da Cordoaria destinado a recolher os frades, para descanso e convalescenças, do seu convento localizado em Gaia, junto ao rio Douro. Aquele hospício localizava-se nos terrenos onde existiu, até 1952, o Mercado do Peixe.
[4] Um desses arcos dá acesso às caves do Hospital de Santo António.
[5] Tito de Bourbon e Noronha, 1885, As Águas do Porto, Dissertação Inaugural apresentada à Escola Médico-Cirurgica do Porto, Porto
[6] Francisco da Fonseca Henriques, 1726, Aquilégio Medicinal, Oficina da Música, Lisboa.
[7] Toponímia Portuense de Eugénio Andrea da Cunha e Freitas, Porto: Contemporânea D. L., 1999.
[8] Segundo Silva, G., 2000, estes “versos latinos foram escritos por Pantaleão de Seabra e Sousa, fidalgo da Casa Real e poeta insigne”.
[9] Aguiar Branco, L. B., Cardoso, P. V., 2016. Dar água à fonte das Virtudes, O Tripeiro, 7ª Série, Ano XXXV, n.º 5: 153 – 155.
[10] Horácio Marçal, 1960. O Passeio das Virtudes, O Tripeiro, n.º 9, Série V, Ano XV:260-262.
[11] Alguns autores também lhe chamam fonte do Macaco.
[12] Sinal com que, no princípio do século XX, sinalizavam as fontes e chafarizes com água imprópria para consumo.
[13] Souza Reys refere duas fontes, uma com o nome de Caco, e a outra com o de Azenhas. Alguns autores denominam esta fonte como do Caquinho
[14] Henrique Duarte e Sousa Reis, 1984, Manuscritos inéditos da BPMP, Biblioteca Pública Municipal do Porto. Manuscrito com data de 1853 que reproduz a Descrição Histórica das Arcas, Fontes e Aquedutos da cidade do Porto, ordenada por João Evangelista Gomes Leite, 1836, com um aditamento de Souza Reys.
[15] Freitas, L., Devy-Vareta, N., Gomes, A., Santos Siva, R, Afonso, M. J., & Chaminé, H. I, 2010, Águas subterrâneas na área urbana do Porto (séculos XIX – XXI): potencialidades da análise geográfica de uma Base de Dados Espacial, VI Seminário Latino – Americano de Geografia Física, II Seminário Ibero – Americano de Geografia Física, Universidade de Coimbra.